Título: Pessimismo domina mercados
Autor:
Fonte: Correio Braziliense, 07/07/2012, Economia, p. 13
O humor dos mercados piorou e as bolsas internacionais e a do Brasil desabaram diante da expectativa de que a crise da Europa continuará se agravando e os Estados Unidos levarão mais tempo que o esperado para se recuperar. O desânimo, ontem, foi resultado, principalmente, da divulgação dos números fracos de emprego nos EUA. O Departamento do Trabalho norte-americano informou que foram criadas apenas 80 mil vagas, volume abaixo das expectativas dos analistas (em torno de 90 mil), e pouco acima das 77 mil posições geradas em maio (dado revisado).
A criação de empregos novos em junho não conseguiu reduzir a taxa de desemprego do país, atualmente em 8,2%. O relatório também reforçou a avaliação de que a crise da dívida da Zona do Euro está forçando a desaceleração da economia norte-americana. Com o temor de que há uma recessão global pela frente, as bolsas internacionais encerraram o dia no vermelho, com exceção de Xangai, que subiu 1,01%. Na Europa, o tombo foi generalizado, com os investidores manifestando dúvidas sobre a capacidade de os governos mais fragilizados honrarem seus compromissos diante do aumento do custo das dívidas. Madri despencou 3,10%; Paris, 1,88%; Frankfurt, 1,92%; e Londres, 0,53. Em Nova York, a Nasdaq, bolsa das empresas de tecnologia, recuou 1,30% e o Índice Dow Jones, 0,96%.
Frustrações A Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) acompanhou as estrangeiras e recuou 1,75% em relação à véspera, fechando a 55.394 pontos. As maiores perdas foram dos papéis da B2W (-6,23%) e da MMX (-6,04%), do empresário Eike Batista. Foi o primeiro tombo do Ibovespa depois de cinco pregões seguidos de alta. Na semana, o indicador ainda manteve elevação de 1,91%. No ano, a valorização é de 2,40%. "O mercado externo já não tinha muita força pela manhã, mas certamente os dados de emprego dos EUA foram o estopim para um resultado tão fraco das bolsas internacionais e, consequentemente, da bolsa brasileira", destacou o economista sênior do BES Investimentos do Brasil, Flávio Serrano.
Os números ruins do mercado de trabalho americano afetaram ainda a cotação do petróleo nos contratos futuros. O barril para entrega em agosto negociado em Nova York encerrou o pregão a US$ 84,45, com queda de 3,18% sobre a véspera. Na semana as perdas foram de 0,6% após ganhos de 6,5% na anterior.
Na avaliação do economista-chefe do banco ABC Brasil, Luís Otávio de Souza Leal, o comportamento "bipolar" das bolsas internacionais e da brasileira indica o início de uma nova onda de pessimismo. "O mercado ficou mais arredio diante dos dados econômicos fracos. O aumento do desemprego nos EUA foi o que mais preocupou, mas a queda desta semana é resultado de uma soma de frustrações", comentou. O cenário adverso no exterior se refletiu também no mercado de câmbio. O dólar teve alta de 0,11% e terminou o dia cotado a R$ 2,0265. Na semana, a moeda acumulou valorização de 0,83%.
Finlândia ameaça sair A Finlândia se nega a pagar as dívidas dos demais países da Zona do Euro e se opõe a dividir a responsabilidade ante as dificuldades de alguns estados membros. As declarações foram feitas péla ministra das Finanças, Jutta Urpilainen, ao jornal de economia Kauppalehti. Segundo o jornal, a declaração significa que o país "está preparado para qualquer cenário, inclusive a saída da moeda única europeia". Um porta-voz da ministra desautorizou a conclusão, mas frisou que a crise não pode ser resolvida a qualquer preço.
Itália corta 26 bilhões de euros O governo do primeiro ministro Mario Monti adotou na quinta-feira várias medidas que permitirão reduzir o gasto público do país em 4,5 bilhões de euros a partir de 2012, 10,5 bilhões em 2013 e mais 11 bilhões em 2014. No fim de abril, o governo italiano já havia adotado um decreto-lei que destacava o princípio de uma redução dos gastos de 4,2 bilhões de euros em 2012. O documento aprovado na noite de quinta-feira completa o texto com medidas concretas, ampliando as decisões para os dois anos seguintes. Grande parte da redução dos gastos diz respeito aos setores de saúde e administração pública.