O globo, n. 31175, 14/12/2018. País, p. 6

 

Nova cirurgia de Bolsonaro será em 28 de janeiro

Jussara Soares

14/12/2018

 

 

A data para a retirada da bolsa de colostomia foi confirmada pelo cirurgião Antonio Luiz Macedo, após o presidente eleito passar por uma consulta no Hospital Albert Einstein; inflamação adiou operação

A nova cirurgia do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) foi marcada para o dia 28 de janeiro. A informação foi confirmada pelo cirurgião Antonio Luiz Macedo, após Bolsonaro passar por uma consulta na manhã de ontem no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

De acordo com Macedo, o presidente eleito está em “excelente condição”, mas a cirurgia para a retirada da bolsa de colostomia, que Bolsonaro usa desde que levou uma facada em setembro, não ocorrerá agora por “uma questão de logística”.

Inicialmente, a previsão era que Bolsonaro fosse operado esta semana, após sua diplomação pelo Tribunal Superior Eleitoral e a tempo de se recuperar para a posse, em 1º de janeiro. O procedimento foi adiado devido a uma inflamação do peritônio — a membrana que reveste a parede abdominal. Segundo especialistas ouvidos pelo GLOBO, esse quadro não é incomum em pessoas que tiveram que colocar uma colostomia de urgência.

A expectativa dos médicos era receber Bolsonaro apenas no mês que vem, mas a consulta foi antecipada, segundo o hospital, em função do ritmo intenso de trabalho no governo de transição.

Na semana passada, Bolsonaro cancelou sua participação na formatura de oficiais da Academia da Força Área em Pirassununga, no interior de São Paulo. Na ocasião, ele disse que ficaria de repouso por recomendação médica.

Ida a Davos

O presidente eleito avalia ir ao Fórum de Davos, na Suíça, que acontecerá de 22 a 25 de janeiro. Nesse caso, a reversão da colostomia seria feita na volta.

Ontem, após passar pela consulta, Bolsonaro fez uma visita ao empresário e apresentador de TV Silvio Santos, que comemorou 88 anos na véspera. O presidente eleito chegou à mansão do dono do SBT por volta das 12h20m para um almoço. A visita, que durou quase duas horas, não estava na agenda divulgada pela assessoria do presidente eleito.

Bolsonaro estava acompanhado da mulher, Michelle, e da filha Laura. O futuro ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, também estave presente.

A nova cirurgia de Bolsonaro será mais simples que as anteriores, com baixa probabilidade de complicações. A operação tem o objetivo de retirar a bolsa de colostomia e reconstituir o trânsito intestinal.

Especialistas ouvidos pelo GLOBO dizem que, no pior cenário, há um risco, pouco comum, de que a sutura do intestino se rompa na recuperação, o que criaria a necessidade de novo procedimento e outra colostomia. Menos alarmantes, a formação de aderências no intestino e infecções no lugar do corte também são consideradas em quadros desse tipo.

Nesse tipo de cirurgia que o presidente eleito fará, o paciente fica de três a cinco dias internado, e depois mais duas semanas de repouso em casa.

Depois da intervenção, há complicações clínicas possíveis, como infecção urinária ou arritmias. Mas, em pacientes com boa condição física, tais intercorrências são consideradas raras pelos médicos.