Correio braziliense, n. 20236 , 16/10/2018. Cidades, p.18

Emedebista recebe votos de derrotados

Ana maria Campos

Mesmo sem o apoio formal de outros candidatos que fazem oposição ao atual governo, Ibaneis Rocha (MDB) herdou grande parte do eleitorado de Eliana Pedrosa (Pros) e Alberto Fraga (DEM), assim como de Rogério Rosso (PSD), que declarou aliança em torno de sua campanha. A pesquisa do Instituto Opinião Política, encomendada pelo Correio Braziliense, indica que o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no DF pode receber 73,1% dos votos de Eliana, mesmo percentual entre os eleitores de Fraga e 70,8% dos que estavam com Rosso.

Entre os eleitores desses três candidatos, menos de 10% migraram para Rollemberg. No eleitorado de Eliana, foram 9,8%. Fraga transferiu 9% e Rosso, 7,9%. A maior parte dos eleitores do General Paulo Chagas (PRP), quarto colocado no primeiro turno, também migrou para Ibaneis, embora o oficial da reserva tenha declarado neutralidade na disputa e até feito críticas à campanha do emedebista. O percentual de migração de votos foi de 46,4%. Para Rollemberg, foram 22,4%.

A maior migração de votos para Rodrigo Rollemberg (PSB), que concorre à reeleição, ocorreu na campanha da Professora Fátima Sousa (PSol). Ela ainda espera uma posição de Rollemberg a respeito do embate presidencial entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), antes de declarar seu voto. Mas o percentual de transferência registrado entre os eleitores de Fátima foi de 49,8%.

Entre os eleitores do petista Júlio Miragaya, 37,4% disseram que vão votar em Rollemberg. Mas a maioria vai com Ibaneis: 42,6%. O mesmo ocorreu com os adeptos da campanha de Alexandre Guerra (Novo). O empresário declarou ontem que seu partido não vai apoiar nenhum candidato, mas ele, como cidadão, votará em Rollemberg (leia mais na página 20). Seu eleitorado, no entanto, até agora, tende mais para Ibaneis. De acordo com o levantamento, 46,6% dos que optaram por Guerra no primeiro turno agora vão com Ibaneis. O percentual de migração para Rollemberg é de 32,4%.

A margem de erro é de três pontos percentuais para mais e para menos, com intervalo de confiança de 95%, na pesquisa registrada com a numeração DF-07787/2018 e BR-06026/18.

A sondagem também mostrou que o cenário está sedimentado. Entre os que votam em Ibaneis, 90,9% dizem que não vão mudar a escolha. No caso de Rollemberg, esse percentual é de 84,6%. Em média, o índice é de 83,4%, sendo que 15,5% cogitam optar por outro candidato. Mas esse cenário pode ser influenciado por outro fator. A rejeição a Rollemberg é de 62,9% e a de Ibaneis, 20,3%.

Base eleitoral

Numa comparação por região administrativa, há grandes diferenças de avaliação entre os dois candidatos que disputam o segundo turno. Rollemberg aparece bem no Plano Piloto. Segundo a pesquisa estimulada, ele tem 61,3% das intenções de votos entre o Sudoeste e Octogonal. Venceria também nas Asas Sul e Norte, com 51,9%, no Cruzeiro, com 58,3% e no Lago Norte, com 52,1%.

Ibaneis ganha em todas as demais regiões administrativas, inclusive no Lago Sul e Jardim Botânico, com 64%. Os melhores desempenhos do emedebista são no Paranoá (90,2%), Planaltina (83,3%), Sobradinho II (83,2%), SCIA/Estrutural (81,8%), Samambaia (80,9%), Recanto das Emas (79,7%), Itapoã (78,8%) e Santa Maria (78,7%).