Correio braziliense, n. 20249, 29/10/2018. Política, p. 3

 

Promessa de governo decente

Jorge Vasconcellos 

29/10/2018

 

 

O presidente da República eleito, Jair Bolsonaro, afirmou ontem, na leitura do discurso da vitória, que o novo governo será um “defensor da Constituição, da democracia e da liberdade”. Em sua casa na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, ele assumiu o compromisso de fazer um “governo decente”, formado por pessoas com o propósito de transformar o Brasil em uma “próspera, livre e grande nação”. O capitão reformado anunciou que governará com foco na geração de emprego e renda, no equilíbrio fiscal e no enxugamento da máquina pública. Após uma campanha altamente polarizada e agressiva, Bolsonaro assegurou que trabalhará para “pacificar” o país.

“Faço de vocês minhas testemunhas de que esse governo será um defensor da Constituição, da democracia e da liberdade. Isso é uma promessa, não de um partido, não é a palavra vã de um homem, é um juramento a Deus”, afirmou, pouco depois de confirmada sua vitória com 57.617.527 de votos (55,21%), contra 46.745.460 de Fernando Haddad (44,79%) — dados de 99,49% das urnas apuradas.

Cercado pela família e por vários aliados, o presidente eleito declarou que “a liberdade é um princípio fundamental”, seja de ir e vir, política, religiosa, de informação, de opinião e de fazer escolhas. “Como defensor da liberdade, vou guiar um governo que defenda e proteja os direitos do cidadão que cumpre seus deveres e respeita a leis. Elas são para todos, porque assim será o nosso governo: constitucional e democrático”, declarou.

 

Cortes

O futuro presidente disse que o novo governo terá de criar condições para que “todos cresçam”, com a redução da estrutura e da burocracia e com corte de “desperdícios e privilégios”.

“Nosso governo vai quebrar paradigmas, vamos confiar nas pessoas, vamos desburocratizar, simplificar e permitir que o cidadão, o empreendedor, tenha mais liberdade para construir seu futuro. Vamos desamarrar o Brasil”, declarou, antes de assegurar que “respeitará de verdade a federação”, com a garantia de que os recursos federais chegarão aos estados e municípios. “Precisamos de mais Brasil e menos Brasília”, disse.

Bolsonaro reiterou a defesa do direito à propriedade e anunciou que priorizará a realização de reformas, sem, no entanto, detalhar quais seriam. Ele disse, ainda, que seu governo vai interromper o “ciclo vicioso do crescimento da dívida” para estimular investimentos e gerar empregos. “Emprego, renda e equilíbrio fiscal é o nosso compromisso para ficarmos mais próximos de oportunidades e trabalho para todos”, afirmou.

 

Jovens

O presidente eleito transmitiu uma mensagem aos jovens, com a promessa de que o Brasil vai superar a estagnação econômica, pois segundo ele, o novo governo trabalhará “com os olhos nas futuras gerações, e não na próxima eleição”.

Ao falar sobre política externa, prometeu libertar o “Brasil e o Itamaraty das relações internacionais com viés ideológico a que foram submetidos nos últimos anos. O Brasil deixará de estar apartado das nações mais desenvolvidas”, declarou. Crítico ferrenho da relação próxima entre os governos petistas e países, como Cuba e Venezuela, o militar reformado disse que vai priorizar uma aproximação com países que agreguem valor econômico e tecnológico aos produtos brasileiros.

Bolsonaro agradeceu às equipes da Santa Casa de Juiz de Fora (MG) e do hospital Albert Einstein, de São Paulo, as duas unidades de saúde onde foi atendido após o atentado à faca que sofreu no início de setembro, durante ato de campanha.

Questionado após o discurso sobre a divisão do Brasil, o presidente eleito afirmou que trabalhará para pacificar o país. “Não sou Caxias (Duque de Caxias, patrono do Exército), mas sigo o exemplo desse grande herói brasileiro. Vamos pacificar o Brasil e, sob a Constituição e as leis, vamos constituir uma grande nação”, declarou.