O globo, n. 31172, 11/12/2018. País, p. 7

 

Assessores citados pelo Coaf evitam aparecer e já preparam defesa

Juliana Castro

Igor Mello

11/12/2018

 

 

Fabrício Queiroz, que movimentou R$ 1,2 milhão em um ano, vive em casa simples na Taquara; Chefe de gabinete de Flávio Bolsonaro diz que assessores têm “data marcada” para falar ao MP-RJ

Ex-assessor do deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL) e citado em relatório do Coaf por conta da “movimentação atípica" de R$ 1,2 milhão entre 2016 e 2017, o policial militar Fabrício José Carlos de Queiroz mora em uma casa simples e sem pintura externa, em um beco no bairro da Taquara, na Zona Oeste do Rio.

Na viela onde Queiroz mora com a mulher, Márcia Aguiar, os imóveis são colados uns aos outros. No beco há varais improvisados do lado de fora das casas, fios emaranhados e canos aparentes. Na casa de Queiroz, um adesivo rasgado com as fotos do presidente eleito Jair Bolsonaro e de seu filho Carlos, vereador no Rio, está colado na fachada. No segundo andar, que tem a laje sem revestimento, tapetes secavam no parapeito ainda sem janela.

No portão que dá acesso ao conjunto de aproximadamente 70 casas, distribuídas em uma rua mais larga e vielas, há um aviso de que a área é monitorada 24 horas.

O GLOBO esteve ontem na residência de Queiroz, mas não encontrou nem ele e nem a mulher, Márcia. Vizinhos confirmaram que o casal vive na casa.

O relatório do Coaf que cita Queiroz foi anexado à Operação Furna da Onça, que prendeu deputados estaduais. O Ministério Público do Rio já tem procedimentos em curso, que correm sob sigilo, para investigar possíveis irregularidades cometidas por servidores da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), com base no relatório do Coaf. O MP não esclarece se as movimentações financeiras de Queiroz estão sob investigação.

O Coaf elaborou relatórios a pedido do Ministério Público Federal. Os procuradores ressalvam que a identificação desse tipo de movimentação não configura um ilícito por si só.

Nova rotina no gabinete

Na Alerj, a repercussão do caso alterou a rotina do gabinete de Flávio. Normalmente aberto ao público, o local passou boa parte da tarde com portas trancadas.

O relatório do Coaf cita que a conta de Queiroz recebeu repasses de oito funcionários e ex-funcionários do gabinete de Flávio. O GLOBO procurou duas delas ontem no local. Horas depois de um assessor afirmar que elas estavam presentes, o chefe de gabinete de Flávio, Miguel Angelo Braga, admitiu que elas não foram à Alerj por estarem tratando de suas defesas:

—Estão buscando informações para os esclarecimentos que já estão com data marcada para ser prestados (ao MP). Não estão aqui pelo assédio da imprensa. Não estão podendo vir pelo constrangimento.

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Auxiliar de Eduardo Bolsonaro vai comandar a Secom

Eduardo Brescini

11/12/2018

 

 

A Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) vai mudar de área e será comandada por Floriano Barbosa, assessor do deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente eleito Jair Bolsonaro. A informação foi dada por Gustavo Bebianno, futuro ministro da Secretaria Geral, pasta que atualmente comanda a Secom. No próximo governo, a secretaria estará subordinada à Secretaria de Governo, do futuro ministro Carlos Alberto dos Santos Cruz.

A Secom abarcará também o setor de contratos publicitários do governo.

Vitória de Carlos Bolsonaro

A mudança de pasta da Secom é mais um capítulo da briga entre o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente eleito, com Bebianno. Inicialmente, a Comunicação ficaria sob o guarda-chuva de Bebianno. Entretanto, como a vontade de Carlos prevaleceu na indicação do publicitário Floriano Barbosa para o cargo, o futuro ministro entregou a área para a Secretaria de Governo, do general Carlos Alberto Santos Cruz.

— A Secom vai ficar com uma pessoa que trabalha no gabinete do Eduardo. Ela foi muito recomendada pelo Carlos e aí vai ficar com a Secom toda —justificou Bebianno. — Preferi repassar essa área e evitar problemas.