O globo, n. 31169, 08/12/2018. País, p. 8

 

Gilmar Mendes manda soltar Wilson Carlos, ex-secretário de Cabral

08/12/2018

 

 

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou soltar o ex-secretário de Gestão do ex-governador do Rio Sérgio Cabral e um dos alvos do braço da Operação Lava-Jato no estado, Wilson Carlos. Gilmar determinou a aplicação de outras medidas: proibição de manter contato com os demais investigados e de deixar o país, devendo entregar o passaporte, além de recolhimento domiciliar no período noturno e nos fins de semanas e feriados. Gilmar disse que o ex-secretário só permanecerá detido se houver uma segunda ordem de prisão contra ele.

Wilson Carlos teve a prisão decretada em novembro de 2016 pelo juiz federal Marcelo Bretas, responsável pela Lava-Jato no Rio, para garantia da ordem pública e para assegurara aplicação da lei penal. A defesa recorreu ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), com sede no Rio, e ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília, mas os pedidos de liberdade foram negados.

Gilmar Mendes entendeu que a prisão preventiva não se baseia em “elementos concretos”. Assim, o ministro estendeu a Wilson Carlos a decisão que já tinha beneficiado Hudson Braga, ex-secretário estadual de Obras.

Sérgio Cabral, Hudson Braga e Wilson Carlos foram presos na Operação Calicute. Segundo as investigações, o grupo do ex-governador desviou cerca de R$ 224 milhões em contratos com diversas empreiteiras.

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Joesley pede investigação após depor contra Cunha

Guilherme Amado

08/12/2018

 

 

Defesa afirma que empresário passou a receber ameaças em ligações anônimas depois de audiência

A defesa de Joesley Batista protocolou na última quarta-feira, na Polícia Federal, um pedido de instauração de inquérito para que sejam investigadas ameaças que o empresário diz ter recebido ao longo de quatro dias na semana passada, após ter testemunhado contra os ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves.

Segundo documento obtido pelo GLOBO, o advogado de Cunha confirmou o endereço de Joesley, em audiência que tratava sobre o recebimento de dinheiro desviado da Caixa pelos emedebistas. E no dia seguinte, 28 de novembro, empregados da casa do empresário relatam ter atendido o primeiro de uma série de telefonemas ameaçadores, que se repetiria por três dias. Em uma ligação, uma voz masculina dizia ser um delegado, pedia R$ 50 mil para serem depositados numa “conta da Caixa” e finalizava coma frase “Diga que o Eduardo está chegando em Brasília ”. A defesa de Joesley relata que, em 30 de novembro, em1º de dezembro e na madrugada do dia 2, viaturas da Polícia Militar de São Paulo se dirigiram à casa do empresário, na capital, dizendo que receberam denúncias anônimas de que estava ocorrendo ali um assalto com reféns, o que era falso.

A defesa não afirma categoricamente suspeitar de alguém, mas diz existir nos episódios mensagens subliminares que “denotam ameaça velada”, e ressalta a coincidência de os episódios relatados terem ocorrido no dia seguinte de o advogado de Cunha perguntar o endereço de Joesley. Procurada, a defesa de Cunha não respondeu ao telefonema e às mensagens enviadas.