Correio braziliense, n. 20249, 29/10/2018. Cidades, p. 30
Com força na Câmara
Alexandre de Paula
29/10/2018
Próximo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB) terá base sólida na Câmara Legislativa no início do mandato. A maioria dos distritais eleitos pretende ficar ao lado do novo chefe do Executivo. Dos 24, 14 declararam abertamente ao Correio o apoio ao advogado. Apenas dois dizem que farão oposição direta, enquanto o restante se declara independente.
Passada a tensão eleitoral, a formação da equipe do novo governador e a construção de um diálogo sólido com os parlamentares eleitos devem ser prioridade. As alianças construídas ao longo da campanha facilitam a busca por governabilidade e devem propiciar um começo de governo mais tranquilo do que o enfrentado por Rodrigo Rollemberg (PSB) quatro anos atrás.
Com só quatro distritais eleitos pela coligação àquela época e sem nenhum representante do partido, Rollemberg enfrentou uma Câmara que começou com pé atrás, apesar de a princípio sinalizar postura mais neutra. Ao longo do mandato, a relação foi se complicando e o atual governador perdeu o suporte até de siglas que o apoiaram no pleito de 2014, como o PDT.
Ao longo da campanha, Ibaneis prometeu um novo modelo de relação com a Câmara Legislativa. Garantiu que não fará acordos em troca de cargos e de favores. Os distritais, segundo ele, por exemplo, não terão força para indicar os chefes das administrações regionais, para as quais prometeu processo de escolha mais democrático. Por outro lado, assegurou que estará mais aberto ao diálogo.
Um dos parlamentares que farão parte da base aliada de Ibaneis, o distrital reeleito Cláudio Abrantes (PDT) afirma que o atual governo cometeu muitos erros ao lidar com a Câmara Legislativa. “Este governo errou demais e não falo de conchavos e acordos por cargos, mas faltou respeito e colocar as coisas de maneira clara. Tenho esperança de que Ibaneis não trate a Câmara como um puxadinho”, comentou. O PDT, de Abrantes, estava oficialmente coligado com Rollemberg nestas eleições, mas o distrital declarou apoio a Ibaneis desde o início da campanha.
Outro distrital reeleito que acredita na construção de uma relação mais sólida entre a CLDF e o Palácio do Buriti é Rafael Prudente (MDB). “Acredito que, com o governo Ibaneis, não vamos precisar de tantos embates. Vai ser uma outra forma de lidar com a Câmara Legislativa. Ele se comprometeu a ter um diálogo muito mais amplo, esse é o compromisso maior”, explicou o correligionário do governador eleito.
Apoios firmados
Além dos distritais que faziam parte do grupo de apoio de Ibaneis desde o início da campanha, o emedebista conquistou outros nomes ao longo do segundo turno. Com uma aliança ampla que contava com 21 siglas, o advogado trouxe mais distritais eleitos para a base aliada.
Foi o caso de partidos como o PRB e o Podemos, que estavam com Rogério Rosso (PSD) no primeiro turno. Um dos distritais conquistados por Ibaneis no segundo turno, Jorge Vianna (Podemos) também destaca o compromisso do governador eleito de respeitar mais a nova Câmara e acredita em um mandato sem sobressaltos. “Por ele ser advogado, operador do direito e defensor das leis, espero que possa cumprir tudo que for feito por nós e as leis que já existem. Acredito nessa proteção, nessa promessa de garantir a legalidade”, acrescentou.
Independência
Até os parlamentares do partido de Rollemberg decidiram não se colocar como oposição ao novo chefe do Buriti. José Gomes e Roosevelt Vilela — do PSB — afirmaram que serão independentes. “Essa coisa de oposição e situação é horrível. Precisamos pensar em Brasília. Vamos fiscalizar e apoiar o que for bom. Sou da segurança pública, quero ver esse aumento de 37% que ele prometeu às corporações com o Orçamento que temos. Espero que ele consiga, mas vou cobrar”, disse Roosevelt.
O argumento de pensar nos melhores projetos para a cidade é replicado por diversos outros parlamentares que recusam o rótulo de governistas e de oposição. “A minha posição é de independência porque serei a favor do que for melhor para a cidade. Se forem projetos positivos, serei favorável. Se forem ruins, vou ser contrária”, disse, por exemplo, a distrital do Novo, Júlia Lucy.
Oposição petista
Os dois deputados distritais eleitos pelo PT foram os únicos a se posicionar contra o novo governador. Chico Vigilante e Arlete Sampaio assumirão postura mais crítica e devem analisar com mais rigor os projetos de Ibaneis Rocha. “Vou ser também um cobrador implacável das promessas feitas na campanha. Não se pode se comprometer a fazer tanta coisa e não cumpri-las”, ressaltou.
Assim como Vigilante, Arlete destaca que a oposição não será feita de maneira intransigente e que ambos poderão votar com o novo governador caso concordem com os projetos apresentados. “Não seremos oposição contra os projetos bons para a cidade. Colaboraremos com o que for positivo e tentaremos melhorar o que não for”, comentou.
As posições
Confira a postura dos 24 deputados distritais em relação ao novo governador:
Agaciel Maia (PR) - Não se manifestou
Arlete Sampaio (PT) - Oposição
Chico Vigilante (PT) - Oposição
Cláudio Abrantes (PDT) - Governista
Daniel Donizet (PRP) - Governista
Delegado Fernando Fernandes (Pros) - Governista
Delmasso (PRB) - Governista
Eduardo Pedrosa (PTC) - Governista
Fábio Felix (PSol) - Independente
Hermeto (PHS) - Governista
Iolando (PSC) - Governista
João Cardoso Professor-auditor (Avante) - Governista
Jorge Vianna (Podemos) - Governista
José Gomes (PSB) - Independente
Júlia Lucy (Novo) - Independente
Leandro Grass (Rede) - Independente
Martins Machado (PRB) - Governista
Professor Reginaldo Veras (PDT) - Independente
Rafael Prudente (MDB) - Governista
Reginaldo Sardinha (Avante) - Governista
Robério Negreiros (PSD) - Governista
Roosevelt Vilela (PSB) - Independente
Telma Rufino (Pros) - Não se manifestou
Valdelino Barcelos (PP) - Governista