O globo, n. 31164, 03/12/2018. País, p. 7

 

Custo de médicos de Cuba subiu no governo Temer

Renata Mariz

03/12/2018

 

 

Gasto anual por profissional cresceu 66% de 2015 a 2017, com a queda de cubanos no Mais Médicos

Embora o número de cubanos no programa Mais Médicos tenha caído de 10.663 para 8.605 durante o governo Temer, as despesas para pagar os serviços prestados por eles cresceram 28,5% de 2015 a 2017 — de R$ 1,4 bi para R$ 1,8 bilhão, segundo valores nominais repassados pelo Ministério da Saúde. Cálculos feitos pelo GLOBO revelam que o gasto anual por médico subiu ainda mais: 66,8%, de R$ 125,3 mil para R$ 209,1 mil por profissional, considerando a quantidade de cubanos do programa em dezembro de cada ano.

O Ministério da Saúde afirmou que o incremento das despesas se deve a substituições de profissionais e a reajustes concedidos pelo governo. Em 2016, Temer anunciou um aumento de 9% no valor da bolsa paga aos médicos do programa e concedeu um acréscimo de 10% nos auxílios para moradia e alimentação de profissionais alocados em distritos indígenas. São as áreas mais difíceis de serem ocupadas por causa das más condições de trabalho.

A chegada de novos grupos em 2016 e 2017, para substituir os médicos que haviam completado três anos no Brasil, também pressionou as despesas, apontou a pasta. Os novatos demandam recursos adicionais de ajuda de custo. Mas não havia pagamento direto do governo brasileiro aos médicos. Todos os valores iam para a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), que os repassava ao governo de Cuba. Este pagava aos profissionais.

Atualmente, os profissionais do Mais Médicos recebem bolsa-formação de R$ 11,8 mil. A ajuda de custo inicial fica entre R$ 10 mil e R$ 30 mil para viabilizar no deslocamento até a área de atuação. Além disso, todos os médicos têm a moradia e a alimentação custeadas pelas prefeituras.