Título: Reajuste de até 45% para os professores
Autor: Filizola, Paula
Fonte: Correio Braziliense, 14/07/2012, Economia, p. 12

Governo apresenta proposta aos docentes com o intuito de pôr fim à greve iniciada em maio nas universidadesNotíciaGráfico

O governo federal apresentou ontem sua proposta de reajuste salarial a todos os professores das universidades e institutos federais, que deflagraram greve em 17 de maio reivindicando, principalmente, restruturação de carreira. A partir de 2013, os profissionais de dedicação exclusiva doutores terão em média um reajuste de 35%, podendo chegar a 45% em uma das categorias. Ao longo dos próximos três anos, a remuneração do professor titular com dedicação exclusiva passará de R$ 11,8 mil para R$ 17,1 mil. Enquanto isso, os mestres ganharão reajuste médio de 25%. Em ambos os casos, quanto mais tempo de carreira, maior o salário. A estimativa do Ministério do Planejamento, que estruturou as medidas em parceria com o Ministério da Educação (MEC), é de beneficiar os 143 mil docentes federais — ativos e inativos — ao fim de três anos (2015). O impacto nas contas públicas será de R$ 3,9 bilhões por ano.

O anúncio foi feito pelos ministros da Educação e Planejamento, Aloizio Mercadante e Miriam Belchior, respectivamente. No mesmo horário, representantes do Comando Nacional de Greve, além de membros do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe) e do Sindicato de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes) participavam de uma reunião com o secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça.

Atendendo ao pedido de restruturação de carreira, pleiteada pelos docentes em greve, o governo federal reduziu de 17 para 13 os níveis salariais. A proposta foca os docentes com titulação, especialmente doutores e dedicação exclusiva. "O Brasil já tem universidade de qualidade. Precisamos caminhar para a excelência. A base são os doutores", disse Mercadante. Segundo ele, a expansão das universidades federais, alvo de críticas duras dos grevistas, também será contemplada com a melhora na carreira dos docentes. "Os doutores são instrumentos para avançar na qualidade", acrescentou.

Esforço A pretensão do governo é incentivar a evolução mais rápida e a busca pela qualificação profissional e títulos acadêmicos nas universidades federais. "A presidente Dilma tem a convicção do caráter estratégico da educação. Nossa proposta traz um reajuste significativo para manter os professores que já estão nas universidades e atrair novos. O novo plano de carreira vai evitar para que o Brasil perca esses profissionais para iniciativa privada", avaliou a ministra do Planejamento.

O reajuste anunciado ontem vai além dos 4% concedidos pela Medida Provisória 568, aprovada nesta semana, retroativos a março. Miriam Belchior deixou claro que o reajuste significa um esforço de atender as demandas de uma categoria estratégica para o desenvolvimento do país. "Os professores foram uma das poucas categorias que tiveram aumento neste ano e garantia de reajuste em 2013", frisou. Segundo ela, não há certeza de que os demais servidores serão contemplados no Orçamento do ano que vem.

"O governo está analisando todo o contexto econômico. É preciso ter a clareza de que a crise internacional se agravou muito de maio para cá", frisou. Portanto, não há como atender a fatura de R$ 92,2 bilhões apresentada pelos servidores, que representa elevação de mais 50% na atual folha salário. "Estamos falando de um montante equivalente a 2% do PIB (Produto Interno Bruto) e o dobro do orçamento previsto para o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) neste ano", argumentou Miriam.