Título: Diesel faz bolsa disparar
Autor: Hessel, Rosana
Fonte: Correio Braziliense, 14/07/2012, Economia, p. 15

Com reajuste de 6% no preço do combustível, investidor corre atrás de ações da Petrobras, com alta de mais de 5%

O aumento dos preços do diesel — 6% nas refinarias e 4% nas bombas, em vigor a partir de segunda-feira — desanimou os transportadores, mas provocou euforia entre os investidores. Tanto que as ações da Petrobras encerraram as negociações de ontem com alta superior a 5%, reflexo da certeza do mercado de que a estatal conseguirá corrigir parte da defasagem entre o valor do combustível no país e o registrado no exterior. "Os investidores reagiram bem. Foi um voto de confiança para que a empresa deixe de ser um instrumento de política governamental", disse Felipe Chad, sócio da corretora DX Investimentos.

Na avaliação do economista, o Palácio do Planalto só aceitou o reajuste porque está tranquilo com a inflação, cada vez mais perto do centro da meta deste ano, de 4,5%. Nas contas dos especialistas, o impacto do aumento será de apenas 0,11 ponto percentual nos índices gerais de preços (IGPs) deste ano. Segundo Adriano Pires, especialista em energia e diretor do diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), a empolgação com a Petrobras no mercado só não foi maior porque apenas o valor do diesel subiu e não o da gasolina.

Para Pires, o aumento ajudará a estatal a estancar a sangria no seu caixa. Ele destacou que, de janeiro a junho, as perdas com a defasagem nos preços do diesel e da gasolina somam R$ 650 milhões. "O álcool ficará ainda menos competitivo, pois os custos do transporte da cana de açúcar aumentarão", completou. Na avaliação da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) foi, no mínimo, surpreendente o segundo anúncio de alta no preço do diesel em menos de um mês. A entidade destacou que o impacto nos custos do setor será inevitável, porque o combustível é o principal insumo do segmento.

"O diesel representa 25% do custo total das empresas de transporte de passageiros. No caso das cargas, varia entre 28% e 35%. Porém, pelas relações de mercado existentes, neste momento, não há certezas sobre aumentos no preço final do setor", informou a CNT por meio de nota.

Otimismo Embalada pela alta dos papéis da Petrobras, a Bolsa de Valores de São Paulo (BMF&Bovespa) disparou. O Ibovespa, principal índice de lucratividade do mercado, fechou nos 54.330 pontos, com alta de 1,7 %. O volume de negócios ficou em R$ 5,69 bilhões. Na semana, entretanto, a bolsa acumulou queda de 1,92%.

A Bovespa foi ajudada ainda pelo bom humor do mercado internacional, que esperava um resultado pior do que a alta de 7,6% do Produto Interno Bruto (PIB) chinês divulgada ontem. Na Bolsa de Nova York, o índice Dow Jones teve elevação de 1,62% e o Nasdaq, de 1,48%. Londres subiu 1,03%; Madri, 0,52%; Frankfurt, 2,15%; e. Paris, 1,46%.

» Petróleo perto dos US$ 100

Os preços dos contratos futuros de petróleo encerraram as negociações de ontem em alta na New York Mercantile Exchange (Nymex), aproveitando o recuo do dólar frente ao euro. O barril de "light sweet crude" (WTI, na sigla em inglês) para entrega em agosto subiu US$ 1,02, para US$ 87,10. "Os preços reagiram após a queda de quinta-feira, motivada por comentários na ata do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), que não apresentou nenhuma nova medida de estímulo", explicou Rich Ilczyszyn, da iitrader.com. Segundo o analista, o preço do barril pode ter tocado seu piso para caminhar novamente aos US$ 100.