Título: Itália paga taxa menor
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Fonte: Correio Braziliense, 14/07/2012, Economia, p. 18/19
Roma — Apesar do rebaixamento de sua nota de crédito pela agência Moody"s, na quinta-feira, a Itália conseguiu, ontem, captar 5,25 bilhões de euros pagando taxas mais baixas na emissão da maior parte dos títulos. O governo colocou bônus de três anos de prazo, no valor de 3,5 bilhões de euros, oferecendo aos investidores juros de 4,65% ao ano, inferiores aos 5,3% da última operação similar.
Já outras emissões, num total de 1,75 bilhão de euros, com vencimentos em 2019, 2022 e 2023, ficaram mais caras para o tesouro italiano: os juros dos títulos com vencimento em 2022 e 2023 foram, respectivamente, de 5,82% (contra os 5,66% na última emissão similar, em maio) e 5,89% (ante 5,57%). O papel de 2019 pagou 5,58%, contra os 4,30% na última captação similar, de 14 de março.
A Moody"s rebaixou a nota do país em dois escalões, de A3 para Baa2, e manteve a dívida italiana em perspectiva negativa, devido ao "risco de contágio" do país pela deterioração econômica na Zona do Euro, especialmente na Espanha e na Grécia. Para a agência, a Itália corre o perigo "de registrar uma alta brutal de seus custos de financiamento ou de não ter mais acesso aos mercados financeiros". Segundo a Moody"s, a Itália pode registrar um crescimento "fraco" e "um desemprego mais elevado", impedindo-a de cumprir o objetivo de redução do deficit fiscal.
Protestos O corte da nota italiana provocou uma onda de protestos no país. O ministro de Desenvolvimento, Corrado Passera, classificou de "injustificada" e "enganosa" a classificação da agência, enquanto o presidente da maior entidade industrial, Giorgio Squinzi, lembrou que a Itália é, principalmente, um país "manufatureiro, e muito mais sólido do que a Moody"s sustenta". Em Bruxelas, um porta-voz do comissário de Assuntos Econômicos da União Europeia, Olli Rehn, também fez críticas à agência.