Título: China cresce apenas 7,6%
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Fonte: Correio Braziliense, 14/07/2012, Economia, p. 18/19
País atinge sua pior taxa de expansão desde 2009 e tem quedas no comércio e na indústria. Especialistas esperavam resultado ainda pior
A economia chinesa teve expansão de 7,6% no segundo trimestre de 2012 — sua pior taxa em três anos — devido ao impacto da crise nos Estados Unidos e na Europa, um dado já antecipado pelos mercados e que, segundo analistas, poderá levar o governo a tomar novas medidas de estímulo. Seu último pior desempenho havia sido 6,6% em 2009. Apesar do resultado, o cenário mais pessimista, abaixo de 7%, projetado anteriomente por economistas não se confirmou.
Com isso, o índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, fechou ontem quase estável (+0,05%), enquanto Hong Kong subiu 0,3% e Xangai aumentou 0,16%, em um mercado cauteloso após o anúncio chinês. "A desaceleração se explica principalmente pela deterioração contínua do entorno internacional, que reduziu ainda mais a demanda estrangeira", disse à imprensa o porta-voz do escritório nacional de estatísticas, Sheng Laiyun. "A demanda interna também se reduziu enquanto seguem as medidas para reforçar a macroeconomia, em particular no setor imobiliário", completou.
O dado ruim do segundo trimestre leva a 7,8% o crescimento na primeira metade deste ano, um período durante o qual a crise da dívida na Europa se agravou, assim como os problemas econômicos dos Estados Unidos. Apesar disso, o governo chinês confia na recuperação e espera alcançar suas metas de 7,5% para este ano. "Creio que a economia chinesa seguirá com um crescimento moderado e contínuo na segunda metade do ano", disse Sheng, afirmando que ainda há potencial para aumentar os investimentos, o consumo e as exportações.
Consumo abalado Na semana passada, a China reduziu suas taxas de juros pela segunda vez em um mês, uma medida que se soma à autorização aos bancos de reduzir seu volume de reservas para facilitar o crédito. Além disso, já anunciou novas medidas nos próximos meses. Esta semana, o primeiro-ministro Wen Jiabao afirmou que estabilizar o crescimento econômico é prioritário para o governo.
Apesar de a China possivelmente cumprir sua meta de crescimento em 2012, será muito inferior aos 9,2% do ano passado, ou de 10,4% em 2010. O Escritório Nacional de Estatística publicou ontem dados das vendas ao varejo, o principal indicador do consumo, que em junho cresceu 13,7% interanual, menos que em maio (13,8%). A produção industrial também recuou no último mês do semestre, para 9,5% interanual, frente aos 9,6% de maio. A desaceleração chinesa também tem gerado consequências para o crescimento da economia mundial, que ainda sofre os efeitos da crise financeira iniciada em 2008.
Juros do Japão sob suspeita A investigação aberta pela Comissão Europeia sobre o escândalo de manipulação das taxas interbancárias alcançará também a Tibor, a taxa japonesa, anunciou ontem o comissário europeu da Concorrência, Joaquín Almunia, que considera o assunto "surpreendente". "No ano passado, começamos a investigar vários bancos sobre uma eventual manipulação concertada das taxas de referência como a (britânica) Libor, a (europeia) Euribor e a Tibor, a taxa de Tóquio", explica Almunia. No fim de junho, foi aberta uma investigação criminosa na Grã-Bretanha após a revelação de uma manipulação, de 2005 a 2009, do Libor, taxa com repercussões no mundo financeiro e nos créditos a particulares e a empresas. O assunto custou os cargos de três diretores do banco britânico Barclays, que precisou pagar uma multa de 290 milhões de libras (US$ 450 milhões, 360 milhões de euros) aos reguladores britânico e americano.