O globo, n. 31162, 01/12/2018. País, p. 7

 

Espaço de militares no governo será o maior desde a redemocratização

Igor Mello

01/12/2018

 

 

Membros com origem nas Forças Armadas ocupam sete pastas do futuro Ministério de Bolsonaro, o que equivale a 35%

Especialista na área nuclear, o almirante Albuquerque Junior ficará com a pasta de Minas e Energia. É o 7º militar do novo Ministério. O Ministério do futuro governo de Jair Bolsonaro tema maior parcela de membros com origem nas Forças Armadas desde a redemocratização. À frente de sete pastas, os oficiais da reserva já ocupam 35% do primeiro escalão —até agora com 20 nomes anunciados.

O GLOBO compilou, com base em informações do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC-FGV) e de seu acervo, a composição inicial dos ministérios de todos os presidentes desde 1964. Entre os ministros do governo Bolsonaro, fizeram carreira no Exército os generais Augusto Heleno (GSI), Fernando Azevedo e Silva (Defesa) e Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo), assim como Wagner Rosário (CGU), que é capitão da reserva, e Tarcísio Freitas, engenheiro na corporação por 16 anos. O representante da Mar in han ogo ver noé o almirante de esquadra Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Junior (Minas e Energia ), enquanto o tenente-coronel Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) é oriundo da Aeronáutica. Durante a campanha eleitoral, Bolsonaro chegou a declarar que metade dos ocupados por militares. Gustavo-Bebian no, futuro titular Secretaria-Geral da Presidência, afirmou ao GLOBO em outubro que a equipe do presidente eleito teria“quatro ou cinco militares ”.

Collor: percentual maior

Após a redemocratização, o governo com mais membros das Forças Armadas no primeiro escalão até o momento havia sido o de José Sarney. Assim como Bolsonaro, ele iniciou sua gestão, em 1985, com sete militares. Mas sua equipe era maior do que a do presidente eleito, chegando a 27 órgãos com status de ministério. Já em termos percentuais, a maior participação antes de Bolsonaro ocorreu com Fernando Collor: um terço das pastas (quatro em 12) ficou com militares. Isso porque, até o segundo governo de Fernando Henrique, o número de oficiais era ampliado pelo fato de Exército, Marinha e Aeronáutica terem status de ministérios na época. Também eram ministros os chefes do Estado-Maior das Forças Armadas e do Gabinete Militar, posteriormente renomeado como Ministério da Casa Militar. Até o governo Sarney o Serviço Nacional de Informações (SNI)—órgão de inteligência que deu suporte à perseguição de opositores da ditadura militar —também tinha status de ministério. Só em 1999 o atual desenho institucional do governo federal foi adotado, coma criação do Ministério da Defesa—que reúne as Forças Armadas. Foi também no início do segundo governo FH que a Casa Militar foi transformada no Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência. Desde então, oGSIp assou as ero único órgão de primeiro escalão ocupado por militares, o que ocorreu nos governos Lula, Dilma e Temer.