Título: Alianças em São Luís antecipam 2014
Autor: Braga , Juliana
Fonte: Correio Braziliense, 15/07/2012, Política, p. 4

Com o centro histórico degradado e um trânsito caótico, a cidade de São Luís se prepara para o pleito municipal em outubro com alianças divididas. Dos oito candidatos à prefeitura, somente o PT fez uma coligação grande reunindo 13 partidos na chapa do vice-governador do estado, Washington Oliveira. O atual prefeito, João Castelo (PSDB), aliou-se apenas a partidos pequenos e saiu com uma chapa pura. A briga municipal já antecipa o que está por vir nas eleições para governo do estado em 2014.

As dificuldades para se chegar a um consenso na capital do Maranhão fizeram com que o presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, interviesse na confusão. Aliado a Castelo, o presidente estadual da sigla, José Antônio Almeida, destituiu o comando municipal, liderado por Roberto Rocha, e nomeou o filho, Maurício Almeida. José Antônio queria viabilizar uma chapa com o PSDB e sair como vice do atual prefeito. Eduardo Campos vetou a manobra, restituiu Roberto Rocha e fechou aliança com o PTC, que lançou Edivaldo Júnior.

Apesar de ser um partido pequeno, a aliança com o PTC interessa a Eduardo Campos porque essa é a coligação da qual faz parte o PCdoB, comandado pelo presidente da Embratur, Flávio Dino. Atualmente, Dino é visto como o nome mais forte para derrubar a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), nas eleições de 2014. Apesar de não ser uma das capitais mais populosas em âmbito nacional, a parceria com Flávio Dino aumenta o poder de barganha do PSB e dá mais autonomia para Campos nas eleições majoritárias.

Na briga para dividir forças em 2014, PMDB e PSB se polarizam na cidade. As duas legendas disputam o espaço de aliadas da presidente Dilma Rousseff em sua reeleição. Mas, no pleito municipal deste ano, assim como em Belo Horizonte e em Recife, o partido de Eduardo Campos seguiu caminho próprio, enquanto o PMDB ficou ao lado do PT. Roseana Sarney apoia o candidato petista, Washington Oliveira, vice-governador do Estado.

Os conflitos para fechar alianças fizeram com que os dois partidos só oficializassem suas chapas no último dia permitido pela legislação eleitoral para o registro de candidaturas. Castelo optou por uma chapa pura, com deputado estadual Neto Evangelista. O ex-prefeito Tadeu Palácio (PP), que aparece em segundo lugar nas pesquisas, escolheu Lindinalva Vilela (PR) para vice. Palácio esperava coligar-se com Eliziane Gama (PPS), mas a deputada estadual lançou candidatura própria, sem se unir a nenhum partido.

Mobilidade Independentemente das confusões de campanha, o candidato eleito em outubro terá de enfrentar sérios problemas de mobilidade urbana, em uma cidade que cresce cada vez mais longe do centro. Segundo o urbanista maranhense Diogo Pires Ferreira, o sistema de transporte público é mal organizado e as 185 linhas de ônibus que atendem a capital não conseguem otimizar os percursos. "Os pontos de integração são mal planejados. Um trajeto que poderia ser feito em 20 minutos pode demorar mais que o dobro", lamenta. Outros problemas que o próximo prefeito terá de enfrentar é o péssimo estado de conservação do centro histórico — tombado como patrimônio mundial — e a falta de políticas públicas para atrair a população e turistas para o local. Ferreira relata que o Teatro Arthur Azevedo, segundo a ser construído no Brasil, hoje está praticamente abandonado, por exemplo.

Popularidade inexistente

Em Natal, a atual prefeita, Micarla Weber (PV), não tentará reeleição e não indicou sucessor — na última pesquisa de aprovação de governo, ela apareceu com rejeição de 92%. Por lá, aparecem à frente nas pesquisas o ex-prefeito Carlos Eduardo Alves (PDT) e o deputado federal Rogério Marinho (PSDB). Carlos Eduardo, entretanto, teve as contas rejeitadas pela Câmara Municipal e corre o risco de ter sua candidatura impugnada.

A vice de Carlos Eduardo é Wilma Faria (PSB), ex-governadora do Rio Grande do Norte. Parlamentares da região afirmam que Wilma topou entrar como vice na chapa porque já conta com a impugnação da candidatura de Carlos Eduardo ou com a eventual perda do mandato e espera completá-lo.

Hermano Morais (PMDB) é o terceiro nas pesquisas, mas opositores esperam ainda um crescimento quando começar o período de campanha em televisão. O partido conseguiu a maior coligação na cidade e conta com 10 minutos do propaganda eleitoral. Carlos Eduardo terá sete minutos e Rogério Marinho, cinco.

Pesquisa feita pelo Instituto Consult em parceria com o Sindicato das Indústrias de Construção Civil do Rio Grande do Norte (Sinduscon) com moradores de 44 bairros mostrou que a principal demanda da população é a segurança pública. A população pede um combate mais efetivo ao tráfico de drogas e aumento do policiamento. Questionados sobre temas específicos, 98% dos entrevistados se disseram insatisfeitos com o sistema de saúde. Já o transporte público desagrada 58% da população e 69% dos ouvidos culpa a atual gestão, da prefeita Micarla, pela situação.

Outro problema grave enfrentado na cidade é a má conservação, que atingiu um dos cartões-postais de Natal, o calçadão de Ponta Negra. No último dia 7, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN) decidiu pela interdição dos pontos mais críticos e pela instalação de um grupo para analisar a melhor forma de recuperar a área. "De nada adianta reconstruir simplesmente as áreas atingidas se não houver um respaldo técnico que assegure a durabilidade do serviço ou que aponte a técnica de engenharia mais apropriada para as características do terreno e a dinâmica da erosão costeira", diz trecho do parecer do TJRN. (JB)