O globo, n. 31222, 30/01/2019. País, p. 9

 

Flávio vai deixar presidência do PSL no Rio

Paulo Cappelli

30/01/2019

 

 

Senador eleito afirma que já ‘cumpriu missão’ no comando estadual do partido; ele pretende estruturar a defesa depois de Coaf ter detectado movimentações ‘atípicas’ em contas dele e de ex-assessor na Alerj

 

Odeputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro vai deixar a presidência do PSL no Rio. Às voltas com relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf ) que expõem movimentações financeiras atípicas em sua conta e na do ex-assessor Fabrício Queiroz, o filho do presidente Jair Bolsonaro está focado em estruturar a própria defesa.

Flávio assumiu o comando estadual do PSL em 2018, assim que deixou o PSC e se filiou ao novo partido. No site do PSL-RJ, o senador eleito aparece como presidente interino, com mandato até 30 de junho. A mudança, no entanto, deverá ocorrer já em fevereiro.

“Já cumpri minha missão, que era estruturar o partido, em poucos meses, para a disputa eleitoral. No Rio, elegemos as maiores bancadas para a Assembleia Legislativa e para a Câmara dos Deputados. Agora, vou assumir a cadeira no Senado, onde tratarei das questões nacionais. Serei um defensor do Estado do Rio de Janeiro em Brasília”, disse Flávio Bolsonaro, por meio de sua assessoria de imprensa.

Quatro nomes despontam como favoritos para a sucessão: o empresário Paulo Marinho, 1º suplente de Flávio no Senado; o secretário de Ciência e Tecnologia do governo do Rio, Leonardo Rodrigues; o deputado federal eleito Márcio Labre; e a deputada estadual eleita Alana Passos.

A tendência é que não haja disputa, mas um consenso entre os líderes da legenda — a decisão, inclusive, será avalizada por Jair Bolsonaro.

Pressão no partido

Procurado, Leonardo Rodrigues negou que a mudança no comando do PSL no Rio seja ocasionada pelos relatórios do Coaf que citam Flávio Bolsonaro.

— O Flávio era deputado estadual e, este ano, vai assumir como senador. Ele terá muitas atribuições em Brasília e terá que se preocupar com o país como um todo. A mudança ocorrerá por questão de logística. Não tenho pretensão de assumir o comando do partido, mas, como bom soldado, estou preparado para a tarefa que meu líder Flávio Bolsonaro designar —disse.

O discurso é semelhante ao de Alana Passos:

— Eu sou soldado. Cumpro missão. Se for entendido que posso ser útil na presidência, tenho certeza de que irei desempenhar fielmente esta missão.

A reportagem não conseguiu contato com Paulo Marinho e com Márcio Labre, outros nomes cotados para a presidência do PSL-RJ.

Há pressão de diretórios municipais provisórios do PSL para que um novo presidente estadual seja escolhido o quanto antes. Como Flávio é interino, há apenas um diretório efetivo do PSL em todo o estado: São João de Meriti. O objetivo ao definir presidentes municipais é facilitar articulações e alianças políticas para as eleições a prefeito e vereador no ano que vem.

—A resolução 23.571 do Tribunal Superior Eleitoral deu prazo até 28 de junho para que partidos com comissão provisória constituam diretórios efetivos. Já a forma dessa eleição, quem pode votar, é estabelecida pelos estatutos partidários — explica o advogado eleitoral Carlos Frota.

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Queiroz deve prestar depoimento por escrito ao Ministério Público

Thiago Prado

30/01/2019

 

 

A defesa de Fabrício Queiroz, ex-assessor do deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), quer que ele apresente por escrito as explicações ao Ministério Público do Rio( MP- RJ ). Coma estratégia, o ex-motorista evitaria responder aos questionamentos que seriam feitos por promotores, afastando-se de possíveis contradições que poderiam surgir em um depoimento presencial.

O ex-assessor já foi convidado duas vezes a depor, mas faltou, alegando razões de saúde —ele passo upo ruma cirurgia para extrair um câncer.

Em entrevista ao SBT, Queiroz justificou a movimentação financeira dizendo que comprava e revendia carros, masa explicação não será apresentada formalmente na investigação. Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf ) considerou “atípico” o fluxo de R$ 1,2 milhão em pouco mais de um ano, que seria incompatível com a renda dele. O colunista Lauro Jardim, do GLOBO, revelou que o ex-assessor movimentou R$ 7 milhões em sua conta em três anos.

A mulher e as filhas de Queiroz, que trabalharam no gabinete de Flávio Bolsonaro e fizeram repasses ao ex-assessor, também devem apresentar as justificativas por escrito. O MP-RJ considera que não há prejuízos para a investigação em ouvilos desta forma.

A apuração está suspensa por decisão liminar do STF, mas deverá ser retomada após o fim do recesso do Judiciário, na sexta. A tendência é que o relator do caso, ministro Marco Aurélio, mantenha a investigação com o MP-RJ.