Correio braziliense, n. 20280, 29/11/2018. Negócios, p. 12

 

BP começa a investir em energia solar no Brasil

Paula Pacheco 

29/11/2018

 

 

São Paulo — Além da terra e do mar, a BP quer extrair lucro também do céu brasileiro. A empresa britânica anunciou ontem o início da operação no país, até o fim do ano, da sua subsidiária Lightsource. Esse braço de negócios é dedicado ao financiamento e à execução de projetos de energia solar, é líder nesse tipo de negócio na Europa e passou a fazer parte do portfólio da gigante britânica no final de 2017, por meio da aquisição de 43% das ações.

A favor do Brasil, suas condições climáticas. Mas não é só. O país faz parte do grupo de economias emergentes que ainda representam um bom potencial de crescimento no consumo de energia. Cálculos apresentados por Spencer Dale, economista-chefe do Grupo BP, apontam para uma expansão de demanda energética de 60% até 2040.

“A participação de energias renováveis deve crescer até 47% graças a um importante aumento em energia solar, eólica, hidrelétrica e a duplicação do uso de biocombustíveis”, avalia Mario Lindnhayn, principal executivo da BP no Brasil.

Até agora, a BP vinha operando na exploração de petróleo e gás natural, produção de lubrificantes e biocombustíveis, além de atuar na distribuição de combustíveis de aviação e marítimos. Segundo Lindnhayn, o objetivo é manter a diversificação nos projetos de energia no Brasil. “O mercado de fonte eólica teve um crescimento muito relevante. O solar vem se desenvolvendo. Por isso, a BP se posiciona e se organiza para identificar oportunidades”, afirma.

A companhia não fala quanto pretende investir no país – o primeiro na América Latina a ter os negócios da Lightsource BP – e qual é a previsão de projetos para os próximos anos. Informa apenas que o Brasil “representa uma oportunidade significativa para o crescimento futuro da LSBP devido à sua perspectiva macro, mercado de energia desregulamentado, múltiplos incentivos para a implantação de energias renováveis, bem como a posição estratégica da BP no país.”

A operação de exploração de petróleo e gás natural é a mais representativa para a BP no Brasil. Atualmente, a companhia detém 21 concessões de exploração de petróleo e gás natural no país, em quatro bacias geológicas. Segundo Dale, a operação na Bacia de Santos (no litoral paulista) é uma das mais “empolgantes”. Isso acontece, segundo o economista, porque o custo da operação é baixo.

Com a entrada em operação da nova divisão de negócios, a previsão da companhia é diminuir o impacto ambiental que tem com a área de petróleo. Segundo o economista-chefe, o projeto da BP é alcançar uma combinação de energias renováveis no mix de projetos para ter no futuro uma baixa pegada de carbono.

“Vamos continuar investindo em petróleo e gás, mas olhando para a energia renovável. A demanda global de energia vai continuar crescendo de 20% a 30% até 2040, e boa parte desse desempenho virá das economias emergentes. Os países da OCDE deverão continuar com uma demanda estável”, diz Dale. Por outro lado, mercados como o da China, Índia e outras economias do Sudeste Asiático deverão apresentar taxas bem expressivas de crescimento.

No Brasil, a Lightsource BP atuará no desenvolvimento de projetos de energia solar e na formatação de soluções de armazenamento de energia para os setores doméstico, comercial e industrial. Com isso, diz a companhia, os consumidores poderão acessar suas próprias fontes de energia renovável a um custo menor. Também está nos planos atender a pequenas e médias empresas com projetos solares. A expansão deverá contar com a parceria de desenvolvedores regionais.

Em nota, Nick Boyle, CEO da Lightsource BP, destacou a facilidade com que esse tipo de projeto é implementado: “Nós pretendemos potencializar nossa expertise em financiamento e oferecer uma ampla gama de serviços para desempenhar um papel de destaque no desenvolvimento da energia solar no Brasil.”