Título: Kátia Abreu de volta ao Planalto
Autor: Braga , Juliana
Fonte: Correio Braziliense, 24/07/2012, Política, p. 4

Após se encontrar na semana passada com o presidente do PSD, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, a presidente Dilma Rousseff recebeu ontem no Palácio do Planalto a senadora Kátia Abreu (PSD-TO). Ela chegou ao Planalto às 15h e esperou pela presidente 20 minutos. A assessoria de imprensa do Planalto não informou quanto tempo durou o encontro. Kátia esteve também com o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República. Deixou o Planalto às 16h40, sem conceder entrevistas.

A senadora do PSD é uma das principais lideranças da bancada ruralista, o que explica o interesse de Dilma e Carvalho em ouvi-la. Mas não é só isso. Ela tem ensaiado uma aproximação com o governo federal. Na última semana, almoçou com a secretária de Comunicação da Presidência, Helena Chagas. Segundo assessores de Dilma, o encontro de ontem foi solicitado pela senadora. O movimento de Kátia é contraditório com o que ela tem feito dentro do PSD. Em um embate aberto contra Kassab, Kátia vem acusando-o de autoritarismo e criticando a forma como interveio para que o PSD apoiasse a candidatura do ex-ministro Patrus Ananias, do PT, a prefeito de Belo Horizonte. A candidatura de Patrus conta com o empenho pessoal da presidente Dilma. Além de aproximar-se do governo federal, Kátia corteja outras legendas, como o PMDB. Kassab diz que paga para ver a reação da senadora e, por enquanto, não acredita que ela deixará a legenda.

A Executiva Nacional do PSD se reúne hoje para tratar da divisão do fundo partidário, cuja primeira parcela chega nesta semana. Apesar de estarem presentes os dirigentes do PSD, o secretário nacional do partido, Saulo Queiroz, garante que o tema central da conversa não será a crise entre o presidente e a primeira vice-presidente do partido. Ele reconhece, contudo, que deve ser abordado. "É um assunto que provocou alguns tremores e nada impede que alguém do partido pergunte sobre isso", avalia o Saulo. A senadora, que se submeteu a um procedimento cirúrgico recentemente, ainda não confirmou presença no encontro.

A estratégia de Kassab e do partido tem sido ignorar os ataques e esperar a poeira baixar. O temor é de que, ao responder, Kátia Abreu suba ainda mais o tom e piore a discussão. Na avaliação dos dirigentes da legenda, o flerte com o PMDB não passa de flerte. Kátia apoia a candidatura de 38 prefeitos em Tocantins e de vários vereadores. "Eles não têm alternativa de mudar de partido, porque perderiam o mandato. Ela deve ponderar esses aspectos, porque são companheiros que estão com ela nessa luta dela há muito tempo", avalia Saulo. "Eu acho que ela, na ponderação, vai chegar à conclusão de que a melhor alternativa ainda é se manter no partido. É o melhor pra ela e para o partido", completa.

Desde que Kassab interveio na disputa em Belo Horizonte, apoiando Patrus em vez do atual prefeito, Márcio Lacerda (PSB), a senadora não tem poupado a direção do PSD. Ela cantou vitória depois de a Justiça Eleitoral determinar que a intervenção no PSD é ilegal, retirando o partido da chapa de Patrus Ananias. "Ironia do destino: o prefeito mais bem avaliado do Brasil é o de BH! O PSD de BH teve duas vitórias (jurídica e moral)", disse a senadora.

AGU quer alterar nomes de candidatos A Advocacia-Geral da União (AGU) entrou ontem em 22 tribunais regionais eleitorais com 210 ações contra os candidatos a câmaras de vereadores e prefeituras que juntam seus prenomes ao de autarquias e fundações para criar os nomes com que disputam a eleição. De acordo com a Procuradoria-Geral Federal (PGF), isso é vedado pela Constituição e pela legislação eleitoral. A penalidade para o descumprimento vai de prestação de serviços comunitários a seis meses de detenção. Dos registros de nome irregular, 94, o maior número, fazem menção ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o que representa 44,7% do total. Minas Gerais é o estado com mais ações contra os registros irregulares: 35 no total.