O globo, n. 31217, 25/01/2019. País, p. 6

 

Moro: governo não interferirá no caso Flávio

25/01/2019

 

 

Em Davos, ministro disse que investigação dos promotores sobre senador eleito ainda é preliminar

O ministro da Justiça, Sergio Moro, disse ontem que o governo não vai interferir nas investigações envolvendo o deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro. Moro foi questionado sobre o tema por jornalistas da agência Reuters em Davos, na Suíça, onde encerrou a participação no Fórum Econômico Mundial ao lado de outros integrantes do primeiro escalão e do próprio Bolsonaro.

— O governo nunca vai interferir no trabalho dos investigadores ou no trabalho com promotores — afirmou o ministro.

Moro também afirmou que as informações obtidas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) até agora não apresentam uma conclusão. Para ele, o trabalho dos promotores ainda está em fase inicial:

— Essa é uma investigação preliminar, não há nada conclusivo sobre isso e no momento o caso está nas mãos dos promotores estaduais. Então, eles estão fazendo seu trabalho de maneira normal.

Suspensão

Há uma semana, atendendo a um pedido do próprio Flávio Bolsonaro, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu as investigações até que a Corte decida em qual instância elas deverão ter continuidade, uma vez que o parlamentar alega que a posse no Senado nos próximos dias garantiria a ele a prerrogativa de foro junto ao Supremo.

Além disso, Flávio também reclamou que teve dados bancários compartilhados pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf ) com o MP-RJ sem uma autorização judicial.

Decisões recentes do STJ autorizam o Coaf a repassar informações bancárias a autoridades com poderes de investigação. O órgão identificou que a conta de Flávio recebeu 48 depósitos fracionados, cada um com o valor de R$ 2.000, em um um mês O senador eleito atribui os ganhos, que somam R$ 96 mil, a venda de um apartamento no Rio.

Na mesma entrevista, Moro disse ainda que o decreto de armas assinado recentemente por Bolsonaro “não muda muito” a legislação em vigor anteriormente, já que altera regras apenas para o posse de armas e não para o porte.