Título: Mudança de curso na CPI do Cachoeira
Autor: Valadares , João
Fonte: Correio Braziliense, 19/07/2012, Política, p. 3

Numa tentativa de salvar a CPI do Cachoeira, praticamente na estaca zero após três meses de investigação, o presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), acabou admitindo, durante entrevista coletiva na manhã de ontem, que irá mudar a estratégia. A ordem é recuperar o tempo perdido, grande parte consumido por brigas partidárias entre o PT e o PSDB. O novo cronograma de depoimentos, que será divulgado na próxima semana, vai priorizar os depoentes que desejam falar. Dos 24 depoentes convocados, 13 permaneceram em silêncio.

Durante uma hora de entrevista, o senador paraibano não conseguiu explicar qual a grande revelação feita pela CPI nesta primeira fase. "A gente deu luz ao trabalho desenvolvido pela Polícia Federal e Ministério Público Federal", disse. Evasivo nas respostas, o presidente da comissão sequer confirmou se o dono da empreiteira Delta, Fernando Cavendish, e o ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antonio Pagot com convocações já aprovadas, serão ouvidos no mês de agosto.

Ele preferiu não opinar sobre o pedido de reconvocação do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Disse ainda que o requerimento, protocolocado pelo senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP), na terça-feira, não seria prioridade. "Todos os requerimentos são tratados da mesma forma. Não há prioridade. Na próxima reunião administrativa, os 280 (requerimentos) estarão para ser votados, e o da reconvocação do Perillo também", ressaltou. O governador de Goiás voltou ao foco após denúncias da revista Época de que ele teria recebido R$ 500 mil de propina, paga pela bicheiro Carlinhos Cachoeira para liberar R$ 9 milhões do governo de Goiás para quitar faturas atrasadas da construtora Delta.

Ele respondeu às insinuações do PSDB que dados bancários de algumas contas abastecidas pelo esquema Cachoeira estavam sendo bloqueados propositadamente pela CPI. "Não há nenhum direcionamento nos trabalhos da CPI. A presidência tem agido de forma isenta. Os ataques são políticos e a gente respeita as posições partidárias. Tenho um volume imenso de transferências bancárias. Peço que me traga o elemento factual. Eu encaminho ao Bando Central e eles encaminham à presidência", afirmou.

Agente da PF Questionado sobre o assassinato do agente da Polícia Federal que investigou o esquema Cachoeira, Vital do Rêgo salientou que é mais prudente esperar o desfecho da investigação policial sobre o caso. "Inicialmente, é um caso da polícia. Já acionei os órgãos de acompanhamento da PF. Se houver algum tipo de envolvimento com o fato determinante, vamos tomar as providências."

No balanço apresentado, o presidente da CPI declarou que foram promovidas 21 sessões, sendo 14 para oitivas de e inquirição de indiciados e outras sete de caráter administrativo.

Mãe de Perillo morre em Goiânia A mãe do governador de Goiás, Marconi Perillo, morreu na madrugada de ontem em Goiânia, por falência múltipla dos órgãos. Maria Pires Perillo tinha 74 anos e estava internada desde a terça-feira para tratar de uma infecção generalizada provocada pelos efeitos de um câncer de mama. Ela chegou a sofrer uma parada cardíaca na tarde de terça, mas não resistiu. Ela foi sepultada ontem mesmo, no Cemitério Memorial Parque, em Goiânia. Maria deixa o marido, Marconi Ferreira Perillo, além de quatro filhos, sendo o mais velho deles o governador goiano. A morte da matricarca ocorreu em um momento em que Marconi Perillo recebe ataques pela suposta ligação com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.