Título: Permanência de Kátia Abreu no PSD ameaçada
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Fonte: Correio Braziliense, 19/07/2012, Política, p. 5

A batalha protagonizada pela senadora Kátia Abreu (TO) e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, principais figuras do PSD, pode gerar mais prejuízos à legenda do que a possível saída da parlamentar, cortejada pelo PMDB. Dirigentes da sigla temem que, numa eventual desfiliação, Kátia Abreu leve consigo deputados federais da chamada bancada ruralista, da qual ela também faz parte. Kassab confidenciou a interlocutores que não descarta perder importantes quadros da Câmara após as eleições.

Dentro do PSD, ninguém garante a permanência da senadora, que não senta à mesma mesa de Kassab, presidente da legenda, desde o racha entre os dois no início deste mês. Na ocasião, ela publicou uma carta aberta criticando os métodos do prefeito de São Paulo pela intervenção no diretório municipal de Belo Horizonte para que o PSD apoiasse o candidato do PT à prefeitura, Patrus Ananias, em vez de Marcio Lacerda (PSB). O imbróglio foi parar na Justiça.

"Não posso falar nada pela Kátia, mas espero que ela não deixe o PSD. Ela é uma figura exponencial no partido e não vai ter em qualquer outra legenda o mesmo valor que lhe é dado no PSD. Essa guerra interna não interessa a ninguém. É o típico episódio em que todo mundo perde. Espero que, após as eleições e a decisão da Justiça, ela e o Kassab sentem para conversar", afirmou o secretário-geral do PSD, Saulo Queiroz. Kátia Abreu não retornou os contatos da reportagem para comentar o assunto.

O secretário-geral diz compreender a insatisfação da correligionária, mas afirma ter concordado com a decisão de intervir em Belo Horizonte. Argumenta que aliar-se a Márcio Lacerda seria impossível, já que o candidato do PSB é apoiado pelo senador Aécio Neves (PSDB) — os tucanos entraram na Justiça para tentar impedir a concessão de tempo de tevê ao PSD. "Se não tivéssemos direito ao tempo de televisão, o partido acabaria. E o PSDB não tomaria a decisão de entrar na Justiça sem o aval do Aécio. Não havia a menor chance de estarmos ao lado do candidato dele", justificou.

Resistência

O flerte entre Kátia Abreu e o PMDB encontra resistências na vizinhança da própria senadora. "A maior dificuldade, hoje, é o PMDB do Tocantins. O diretório local não quer a filiação da Kátia. Por isso, não dá para comprar uma briga com os muitos peemedebistas que já temos lá para abrigar uma senadora", explicou um dirigente do PMDB, admitindo que já houve reuniões para tratar de uma eventual migração da parlamentar.

O discurso predominante no PSD é de descrédito em relação à possibilidade de redução da bancada de deputados. "Agora, esse papo de perda de deputados é conversa fiada, não faz o menor sentido. Eles estão trabalhando para eleger seus candidatos a vereador e a prefeito. Por que sairiam, deixando para trás a base que os ajudará em 2014?", rechaçou Saulo Queiroz.