Título: Suplentes de carona na disputa eleitoral
Autor: Valadares , João
Fonte: Correio Braziliense, 19/07/2012, Eleições, p. 6
Senador da República sem receber absolutamente nenhum voto. Na atual legislatura, 18 suplentes já assumiram definitivamente, pelos motivos mais diversos, o lugar dos titulares. O número corresponde a 22,2% dos 81 representantes dos estados. O último deles foi Wilder Morais (DEM-GO), que tomou posse após a cassação do ex-parlamentar Demóstenes Torres (GO), acusado de ser o braço político do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Agora, dependendo do resultado das eleições municipais, a bancada dos sem-voto pode ganhar quatro integrantes. Os perfis dos possíveis novos senadores são os mais variados: milionário, ex-sindicalista, empresário e até ex-adversário político.
Mesmo tendo a filha, a deputada-federal Rebecca Garcia (PP-AM), afastada da disputa eleitoral em Manaus pelos aliados, o empresário Francisco Garcia (PP) mantém os dedos cruzados por uma vitória da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), candidata a prefeita. Se os planos se concretizarem, ele ganha automaticamente uma cadeira no Senado. A reza é forte. Médico, empresário e dono da TV Rio Negro, Francisco Garcia já foi vice-governador do Amazonas e deputado federal. Atualmente, é presidente estadual do PP. Tem um patrimônio declarado à Justiça Eleitoral de R$ 21,2 milhões. Ele registrou doação de R$ 250 mil para a campanha da senadora Vanessa. O investimento pode ter valido a pena.
Em Pernambuco, a situação é curiosa. Um adversário histórico da esquerda no estado, que já serviu à ditadura, pode entrar no Senado pelas mãos do petista Humberto Costa (PT-PE), candidato a prefeito do Recife. Joaquim Francisco, que integrou o governo de Emílio Garrastazu Médici como assessor no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), ingressou na política como filiado da Arena. Hoje, é do PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Ex-governador, ex-deputado federal e ex-ministro do Interior durante a gestão de José Sarney, Joaquim dedica-se à advocacia. Durante o governo Lula, migrou para o PTB, retornou ao PFL (hoje DEM) e, depois, caiu nos braços de Eduardo Campos. Agora, Joaquim promete suar a camisa para que o petista vença a eleição — Humberto é o primeiro colocado em todas as pesquisas de intenção de voto.
Ansiedade Outro que espera o resultado das urnas com ansiedade é o empresário Raimundo Noronha Filho. Ele é suplente do senador Inácio Arruda (PCdoB-CE). Discreto, é um ilustre desconhecido na política cearense. Sua principal credencial é ser irmão do deputado federal Genecias Noronha (PMDB-CE). Virou suplente após ser indicado pelo senador Eunício Oliveira (PMDB-CE).
Em Teresina, se o senador petista Wellington Dias vencer a eleição, entra no seu lugar uma fiel escudeira. Trata-se de Maria Regina Souza, que foi secretária de Administração durante duas gestões de Dias à frente do governo do Piauí. Ex-presidente do Sindicato dos Bancários, Maria Regina é fundadora do PT no estado e foi coordenadora política do senador em todas as campanhas, incluindo a atual.
Na quarta-feira, com a licença do presidente nacional do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), para se dedicar às eleições, passou a ocupar a vaga no lugar dele o ex-promotor de Justiça Tomaz Guilherme Correia — ele fica no cargo até 14 de novembro. Correia já foi deputado estadual e vice-prefeito de Porto Velho.
27,1% Percentual de assentos no Senado que serão ocupados por suplentes caso quatro titulares sejam eleitos prefeitos em outubro