Título: País perde US$ 212 milhões
Autor: Martins , Victor
Fonte: Correio Braziliense, 19/07/2012, Economia, p. 12

Diante do agravamento da crise internacional, os investidores reduziram o fluxo de dólares para o Brasil. Pelos cálculos de Sidnei Nehme, diretor executivo da NGO Corretora, julho deve registrar um ingresso de recursos 33% menor que o normal e, segundo os dados do Banco Central, o mês já está no vermelho. A diferença entre todo o capital estrangeiro que entrou e saiu do país nas duas primeiras semanas ficou negativa em US$ 212 milhões. Para especialistas, se o mercado continuar assim, a cotação da moeda norte-americana poderá disparar para muito além de R$ 2 e o BC será obrigado a intervir para manter a divisa no nível atual, considerado confortável pelo governo o suficiente para não quebrar a indústria brasileira nem afetar os índices de inflação.

Pelos registros do BC, na segunda semana do mês, o mercado observou uma intensificação da fuga de dólares. No período, foram para fora do país US$ 609 milhões. A maior parte desse capital saiu em decorrência do gasto com importações. Os exportadores, em contraponto, não têm conseguido fazer receitas suficientes para compensar tais despesas. Os números do Banco Central mostram que, entre 2 e 13 de julho, os empresários trouxeram para o país US$ 6,2 bilhões, US$ 1 bilhão a menos que os gastos dos importadores. Mesmo com o dólar ao redor de R$ 2 sendo interessante para os exportadores, a fraca dinâmica do comércio internacional acaba reduzindo o espaço para a oferta de produtos lá fora.

"As perspectivas de aumento de fluxos de recursos externos para o Brasil, no nosso entender, são nulas, face ao cenário externo e também interno",

avaliou Nehme. Ontem, o dólar foi negociado com baixa de 0,02%, cotado a R$ 2,021 para venda.

Confiança cai O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) atingiu, em julho, o menor patamar desde abril de 2009, no pico dos efeitos da crise internacional provocada pela estouro da bolha imobiliária dos Estados Unidos. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o indicador ficou em 53,3 pontos, um recuo de 2,8 pontos ante junho (a maior queda em pontos desde julho de 2010). "Há uma dificuldade da indústria para se recuperar", avaliou o economista Marcelo de Ávila, da CNI.