Correio braziliense, n. 20301, 20/12/2018. Política, p. 7

 

PGR denuncia presidente

20/12/2018

 

 

Segundo a procuradora-geral, chefe do Executivo vem recebendo vantagens indevidas há mais de 20 anos

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, apresentou denúncia contra o presidente Michel Temer por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no âmbito do inquérito dos Portos, que apura se houve favorecimento a empresas do setor portuário na edição de um decreto de 2017. Além de Temer, foram denunciados João Baptista Lima Filho, o coronel Lima, amigo pessoal do presidente, Carlos Alberto Costa, sócio de Lima, o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures e os empresários Antônio Grecco e Ricardo Mesquita, ambos da Rodrimar.

É a terceira vez que o presidente é denunciado pela PGR. Para Dodge, Temer vem recebendo vantagens indevidas “há mais de 20 anos” e a “edição do Decreto dos Portos (Decreto nº 9 048/2017) é o ato de ofício mais recente identificado, na sequência de tratativas ilícitas que perduram há décadas.” De acordo com ela, a investigação comprovou que Temer, o coronel Lima e Carlos Alberto “ocultaram valores de pelo menos R$ 32.615.008,47, provenientes diretamente de crimes contra a Administração Pública praticados por membros de organização criminosa por meio de empresas de fachada”.

Para a procuradora-geral da República, ficou comprovada na apuração a longa relação estabelecida entre Temer e Antônio Celso Grecco, “sob a forma de sistema de corrupção, no padrão conta-corrente, tendo como nicho de atuação o setor portuário, especialmente o Porto de Santos, que culminou na edição do Decreto nº 9.048/2017”.

Dodge frisou que o Coronel Lima ocupa “lugar de destaque” no esquema. “Ele atua como mandatário de Michel Temer, apresentando-se há décadas como homem de confiança de Temer em diversas ocasiões. João Batista Lima Filho tem atuado em todas as relações comerciais entre Michel Temer e empresários do setor portuário, dissimulando sua existência, natureza e efeitos”, diz Dodge. Até o fechamento desta edição, o Palácio do Planalto não havia se manifestado.