Título: Dilma quer trégua
Autor: Braga , Juliana
Fonte: Correio Braziliense, 25/07/2012, Economia, p. 9
Há mais de um mês em queda de braço com os servidores públicos federais em greve, o governo propôs uma trégua aos sindicalistas. Em reunião com representantes dos grevistas, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, sugeriu que o movimento seja interrompido por 15 dias para que o ponto seja retomado e o Planalto apresente uma resposta às demandas da categoria. A ideia será levada às bases e, amanhã haverá uma nova reunião, no Ministério do Planejamento, com o secretário de Relações do Trabalho, Sérgio Mendonça.
Os grevistas foram recebidos pelo ministro após manifestação em frente ao Palácio do Planalto. Eles chegaram a tentar subir a rampa, mas foram contidos pela segurança. Segundo a assessoria do ministro, a sugestão de trégua foi apenas uma das ideias apresentadas por Gilberto Carvalho na tentativa de solucionar o impasse que já se arrasta desde 18 de junho, mas não se trata de uma proposição formal. Ainda assim, fontes palacianas garantem que o temor de que o movimento se espalhe para áreas estratégicas tem aumentado e afirmam que a presidente Dilma Rousseff já admite a possibilidade de apresentar novas propostas nos próximos dias.
Segundo o secretário-geral do Sindicato dos Servidores Públicos Federais no DF (Sindsep-DF), Oton Pereira, a sugestão de Carvalho dificilmente será aprovada pelas bases. "Acho difícil ela ser aceita face ao exíguo tempo existente para fechar o Orçamento de 2013, até 31 de agosto. Se a dermos uma trégua agora, qual será o tempo que teremos para analisar e enfrentar uma nova greve, se a proposta daqui a 15 dias for ruim?", questionou.
A preocupação de Dilma é tão grande que, a poucas horas de embarcar rumo a Londres, onde participará de reuniões bilaterais e da abertura dos Jogos Olímpicos, ela convocou ministros, às pressas, para tratar da greve do funcionalismo público. A presidente viu que não conseguirá conter o movimento e terá de rever a negativa absoluta de conceder os reajustes demandados.
O governo quer evitar que as paralisações se intensifiquem em setores estratégicos, como Polícia Federal, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Receita Federal. A preocupação é maior em relação a esses setores porque eles podem prejudicar fortemente a economia. Os titulares das pastas tiveram de apresentar planos para evitar que a greve tenha impacto no cotidiano da população. Participaram da reunião, no Palácio da Alvorada, os ministros da Agricultura, Mendes Ribeiro, da Saúde, Alexandre Padilha, do Advocacia-Geral da União, Luís Inácio Adams, da Justiça, Eduardo Cardozo, e os interinos da Casa Civil, Beto Ferreira e da Fazenda, Nelson Barbosa.
O temor de que o movimento se espalhe por áreas sensíveis não é infundado. Os policiais federais no Distrito Federal entram em greve hoje, com paralisação a partir das 8h. Eles farão um ato em frente à sede da Polícia Federal. A categoria pede, além de um plano de carreira de nível superior para escrivães, papiloscopistas e agentes, a saída imediata do diretor-geral, Leandro Daiello.
» Funcionários do INPI parados
Estimulados pelo clima de paralisação que toma conta dos órgãos federais, os servidores do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) cruzam os braços durante todo o dia de hoje. Segundo a Associação dos Funcionários do Inpi (Afinpi), a categoria não tem reajuste desde 2008. Além do aumento, os trabalhadores pedem a valorização das carreiras. A instituição é responsável pelos processos de registro de patentes e de marcas no Brasil.