Título: Europa faz bolsas derreterem
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Fonte: Correio Braziliense, 25/07/2012, Economia, p. 13

As bolsas mundiais voltaram a cair ontem, ampliando as pesadas perdas já registradas no dia anterior, em um pregão volátil devido ao receio cada vez maior dos investidores de que a Espanha possa precisar de um plano integral — e bilionário — de resgate, que teria reflexos nas principais economias do planeta. O pessimismo levou a Bolsa de Madri a registrar uma queda de 3,6% e a atingir seu nível mais baixo desde 1º de abril de 2003. Em Milão, o recuo foi de 2,7% e o índice chegou ao menor patamar desde o lançamento do euro, com muitos analistas vendo a Itália como a próxima candidata a um programa internacional de socorro.

Também pesou sobre as bolsas a surpreendente decisão da agência de classificação de risco Moody"s, anunciada na noite de segunda-feira, de colocar a economia alemã em perspectiva negativa para um possível rebaixamento da atual nota "AAA" — medida que atingiu também Holanda e Luxemburgo. Segundo a agência, esses países, considerados os mais solventes da Zona do Euro, podem ser contaminados pelos problemas mais amplos do bloco, que incluem a possibilidade de saída da Grécia e a necessidade de terem que arcar com pesados programas de salvamento para a Espanha e a Itália.

Mau humor Ontem, os mercados foram afetados ainda pelos indícios de agravamento da situação fiscal dos governos regionais da Espanha. Com esse clima sombrio, o índice FTSEurofirst 300, que reúne as principais ações europeias, fechou em queda de 0,35%, depois de já ter recuado 2,4% no pregão da véspera. As bolsas de Londres (-0,63%), Frankfurt (-0,45%), Paris (-0,87%)e Lisboa (-2,32%) também terminaram o dia no vermelho. Em Nova York, o Índice Dow Jones perdeu 0,82% e o Nasdaq, das empresas de tecnologia, teve desvalorização de 0,94%.

O mau humor dos mercados externos se abateu também sobre a Bolsa de Valores de São Paulo, que recuou pelo terceiro dia seguido, registrando queda de 0,75%. Além do cenário externo desfavorável, o Ibovespa foi afetado pela forte baixa das ações da Vale (queda de 4,88% nas ordinárias e de 4,69% nas preferenciais), que perderam apenas para os papéis preferenciais da Bradespar, que caíram 5,59%. Já o dólar, que na segunda-feira havia sido bastante procurado, refletindo a forte aversão ao risco dos investidores, teve pouca variação. A moeda norte-americana subiu 0,09% e terminou o dia cotada a R$ 2,0438 para venda.