Título: Mulher e ex-mulher de Cachoeira na CPI
Autor:
Fonte: Correio Braziliense, 26/07/2012, Política, p. 4
A CPI do Cachoeira vai ouvir, logo após o recesso parlamentar, dias 7 e 8 de agosto, Andressa Mendonça e Andréa Aprígio, mulher e ex-mulher do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, respectivamente. O presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) e o relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), decidiram as datas das duas oitivas e de outras já aprovadas pelos integrantes da CPI.
A primeira a falar será Andressa. No mesmo dia, a comissão escutará o policial federal aposentado Joaquim Gomes Thomé Neto, suspeito de realizar escutas clandestinas para a organização criminosa chefiada pelo contraventor. Em 8 de agosto, além de Andréa, os integrantes da CPI farão a oitiva de Rubmaier Ferreira de Carvalho. Ele é contador de várias empresas fantasmas do esquema Cachoeira que receberam cerca de R$ 30 milhões em depósitos realizados pela empreiteira Delta, no foco do escândalo.
Os depoimentos do dono da construtora, Fernando Cavendish, e do ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit) Luiz Antônio Pagot, justamente os mais aguardados da CPI, ficaram de fora deste primeiro bloco de oitivas. Pagot já deu várias declarações à imprensa confirmando que pretende contribuir com a investigação dos parlamentares. O presidente da comissão, senador Vital do Rêgo, assegurou, durante coletiva de balanço dos trabalhos, dia 17 de julho, que os dois vão ser ouvidos ainda no mês de agosto. Na ocasião, Vital garantiu que, nesta segunda fase, vão ser priorizados os depoentes que desejam falar. Mais da metade das testemunhas convocadas até o momento preferiu não responder a absolutamente nenhuma pergunta, direito resgarantido ela Constituição.
O policial federal aposentado Joaquim Gomes já havia sido convocado no dia 3 de julho, no entanto, apresentou um atestado médico e não compareceu à sessão. Ele alegou que se submeteu a um cateterismo e, por isso, não tinha condições clínicas de prestar esclarecimentos. Joaquim ingressou na Justiça e conseguiu um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF) para permanecer em silêncio durante o interrogatório. A decisão ainda tem validade e deve ser utilizada durante o novo depoimento marcado para o dia 7 de agosto.
Perillo
A CPI ainda não decidiu se fará alguma sessão dia 2 de agosto, quando os parlamentares retornam do recesso. No dia 15, foi confirmada reunião administrativa para votar requerimentos e definir novas convocações. Nos bastidores, há uma disputa partidária em virtude da possibilidade de reconvocação do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB).
O requerimento para chamá-lo novamente foi protocolado pelo senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP) após denúncias de que o político goiano teria recebido propina de R$ 500 mil da Delta. A transação teria sido camuflada por meio da venda da mansão em que o governador morava. O imóvel foi vendido ao bicheiro Carlinhos Cachoeira. A assessoria do governador nega todas as acusações e alega que o episódio da compra e venda da casa já foi devidamente explicado durante o depoimento de Perillo na comissão.
O bloco com o cronograma de novos depoimentos só deve ser divulgado na próxima semana. A expectativa é de que apareçam na lista os nomes de Fernando Cavendish e Luiz Antônio Pagot.
Contrato da Delta suspenso em Palmas
A prefeitura de Palmas deve suspender, em até 20 dias, o contrato de coleta de lixo com a empresa Delta, que aparece em investigações da Polícia Federal como um dos braços do grupo do bicheiro Carlinhos Cachoeira. A determinação é da juíza Wanessa Lorena, substituta da 1ª Vara dos Feitos das Fazendas e Registros Públicos de Tocantins. O contrato de R$ 71 milhões tem "diversas evidências que denunciam a existência de um grande esquema para monopolizar o serviço de limpeza urbana", segundo denúncia do Ministério Público de Tocantins. O prefeito de Palmas, Raul Filho, prestou depoimento à CPI do Cachoeira, no Congresso Nacional, no dia 10 de julho.