O globo, n. 31194, 02/01/2019. País, p. 18
Governadores do nordeste não vão a Brasília
02/01/2019
Os nove eleitos da região marcaram suas solenidades para o início da tarde, mesmo período da cerimônia de posse de Bolsonaro, o que impossibilitou a viagem; novos representantes de estados de outras áreas do país prestigiaram presidente
Consolidado como reduto petista na última eleição, o Nordeste não teve representantes na posse do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Todos os nove governadores eleitos na região programaram as cerimônias de transmissão de governo para o período da tarde, competindo com a posse presidencial, iniciada às 15h. Pelo menos oito governadores das regiões Sul, Sudeste, Norte e Centro Oeste foram a Brasília para acompanhar a chegada de Bolsonaro ao poder.
Entre os nordestinos, Fernando Haddad (PT) teve 69,7% dos votos válidos, contra apenas 30,3% de Bolsonaro. Petistas estão à frente de quatro estados nordestinos: Bahia, com Rui Costa; Ceará, com Camilo Santana; Piauí, com Wellington Dias; e Rio Grande do Norte, com Fátima Bezerra. Além deles, outros eleitos são alinhados ao lulismo, como Flávio Dino (PCdoB), do Maranhão; Renan Filho (MDB), de Alagoas; e Paulo Câmara (PSB), de Pernambuco. Todos marcaram suas posses para a tarde.
Para estarem presentes, governadores aliados de Bolsonaro anteciparam suas posses para a manhã de ontem. Foi o caso do novo mandatário do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC-RJ), eleito com base na associação de sua imagem ao grupo político do presidente: a solenidade foi iniciada pouco antes das 9h, e o ex-juiz federal ficou pouco mais de uma hora na sede da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), partindo logo em seguida para a capital federal. No início da cerimônia de transmissão de cargo no Congresso Nacional, o governador fluminense fez uma transmissão ao vivo em suas redes sociais falando do momento.
—A gente acordou cedo. Viemos para cá e agora vamos acompanhar a posse do nosso presidente — disse Witzel, ao lado da mulher, Helena.
O governador do Amapá, Waldez Góes (PDT-AP), foi ainda mais longe e assumiu o cargo pouco depois da meia noite. Ratinho Júnior (PSDPR) também protagonizou uma cerimônia rápida. Ele chegou à Assembleia Legislativa do Paraná às 8h15m e deixou o local pouco depois das 9h, assim que discursou.
Outros governadores que declararam apoio a Bolsonaro durante a campanha foram a Brasília, caso de João Doria (PSDB-SP) e Ronaldo Caiado (DEM-GO). Também estiveram presentes os governadores do Distrito Federal, Ibaneis Rocha(MDB); e do Tocantins, Mauro Carlesse (PHS).
O único governador eleito pelo PSL a prestigiar a posse de Jair Bolsonaro foi Coronel Marcos Rocha, empossado no comando do governo de Rondônia pela manhã. A posse de Comandante Moisés, eleito em Santa Catarina, foi marcada para as 14h30m, enquanto a de Antonio Denarium, novo governador de Roraima, previu a sua para as 19h.
Novatos pregam mudança
No Distrito Federal, ao tomar posse, Ibaneis Rocha se comprometeu a fazer “política com P maiúsculo”.
— Só se faz política com políticos. Temos que encarar que só através da política se fazem as transformações sociais —declarou.
No discurso, Ibaneis, que começou a campanha com 2% das intenções de votos e venceu no segundo turno, prometeu privilegiar a boa relação com os deputados distritais:
— Muitos se perguntam que fenômeno foi esse. O fenômeno não foi o governador. São as pessoas.
A cerimônia ocorreu no auditório da Câmara Legislativa, com a presença de autoridades como o presidente da OAB-DF, Juliano Costa Couto; e a presidente do TRE-DF, Carmelita Brasil. No início da manhã, Ibaneis assistiu a uma missa no Santuário Dom Bosco, acompanhado da mulher, Mayara Noronha, e da mãe, Maria Mercedes.
No Paraná, Ratinho Júnior (PSD) assumiu enfatizando que seu foco será a geração de empregos.
— Vamos focar na geração de emprego, mas do emprego próximo das pessoas, gerando novas oportunidades em todas as regiões —disse.
Na Assembleia Legislativa, em Curitiba, Ratinho Junior relembrou que começou a carreira política na Casa, há 16 anos, e falou de temas como agricultura, segurança pública, infraestrutura, turismo, saúde e educação. O governador, que sucede a Cida Borghetti (PP), disse ainda que pretende implantar um novo modelo de gestão, com transparência, medidas de governança, políticas de compliance e respeito ao dinheiro público.