Título: Obras em ritmo lento
Autor: Rosana , Hessel
Fonte: Correio Braziliense, 27/07/2012, Economia, p. 13
Um ano e meio depois de ter sido iniciado, em 2011, o segundo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) teve apenas 29,8% suas obras concluídas, com R$ 211 bilhões em investimentos dos setores público e privado. Ao fazer ontem o quarto balanço do PAC2, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, preferiu, no entanto, destacar que a execução do programa chegou a R$ 119,9 bilhões no primeiro semestre, superando em 39% os R$ 86,4 bilhões do mesmo período do ano passado. "O PAC continua sua trajetória de ter um desempenho melhor a cada ano. Esses investimentos levam benefícios à população e têm um papel importante para enfrentarmos a situação internacional adversa", disse a ministra.
Apesar do volume considerável de gastos, o valor efetivamente desembolsado pelo governo em 2012 é bem mais modesto. Os pagamentos feitos pelo setor público até 23 de julho por meio do Orçamento Geral da União (OGU) somaram R$ 19,7 bilhões, sendo que R$ 4,5 bilhões foram investimentos deste ano. A maior parte, R$ 15,2 bilhões, refere-se a restos a pagar de anos anteriores. No mesmo período de 2011, o total foi de R$ 14,9 bilhões.
Motor
A ministra disse que a economia brasileira precisa do "espírito animal dos empresários" para complementar os efeitos das medidas adotadas pelas autoridades. "O investimento público não é o único motor da economia brasileira", disse ela. "O governo precisa sair na frente para que o empresário acredite e possa investir na sua área", comentou. "Mas o espírito animal precisa surgir."
O baixo nível de investimentos foi um dos motivos do crescimento de apenas 0,2% da economia no primeiro trimestre deste ano e sustenta as previsões de analistas de que o Produto Interno Bruto (PIB) não deverá terá expansão maior do que 2% em 2012. "O Brasil vai crescer menos do que o previsto, mas bem mais do que a maioria dos países", disse a ministra. Ela destacou que o governo deve anunciar em agosto um grande pacote de concessões para a iniciativa privada para acelerar obras de infraestrutura.
Um exemplo de que esses gastos estão aquém do desejado pode ser constatado em um dos setores-chave para a economia do país: o de energia. A expectativa era que estatais e setor privado desembolsassem R$ 105,6 bilhões no primeiro semestre em obras de geração e transmissão de eletricidade, petróleo, gás e combustíveis renováveis. No entanto, apenas R$ 42,3 bilhões foram executados, ou seja, 40% do estimado. A ministra fazer comentários sobre uma possível redução da meta de superavit primário (economia para pagar os juros da dívida) para aumentar os investimentos públicos.