Título: H1N1 mata homem no DF
Autor: Alcântara , Manoela
Fonte: Correio Braziliense, 28/07/2012, Cidades, p. 31

Um morador da Asa Norte, de 54 anos, morreu com o diagnóstico de gripe H1N1, também conhecida como gripe suína. Esse é o primeiro óbito pela doença no Distrito Federal em 2012. A Secretaria de Saúde confirmou o caso por meio de laudo divulgado ontem pela equipe técnica da pasta. Embora o resultado do exame seja recente, a morte ocorreu em junho. O paciente tinha histórico de pneumonia crônica e não há como confirmar se havia participado da campanha de vacinação contra a influenza tipo A, iniciada em maio.

Só nos primeiros sete meses de 2012, foram notificados 66 casos suspeitos de H1N1 no DF. Entre eles, seis acabaram confirmados, alguns derivados de moradores do Entorno. Um dos casos foi identificado no início do mês, em Águas Lindas de Goiás. No ano passado inteiro, houve apenas três casos de influenza, com uma morte. Se confirmadas todas as suspeitas da secretaria, em apenas um semestre a infecção pelo vírus teria aumentado 22 vezes.

Embora o número de casos analisados seja alto, não indica qualquer chance de surto na região. "Houve, sim, um aumento considerável. Isso aconteceu porque a população relaxou em cuidados básicos, como lavar as mãos, usar o álcool em gel e proteger o nariz com um lenço de papel descartável ao espirrar ou tossir", afirmou o professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília e pneumologista do Hospital Universitário (HUB) Ricardo Martins.

Segundo ele, não há risco de que uma epidemia similar à de 2009 (Veja Memória) ocorra. Porém, o vírus está no ar e é importante ficar atento às manifestações da doença. Se uma simples gripe começar a evoluir com sintomas de fraqueza, febre, dores no corpo, diarreia, vômitos, falta de ar, a pessoa deve procurar imediatamente um médico.

O Ministério da Saúde informou que todas as unidades da Federação estão abastecidas com o antiviral oseltamivir, conhecido como tamiflu. O medicamento pode reduzir as formas graves da doença, evitando mortes. Os profissionais da área foram orientados para prescrever o remédio a todos os pacientes com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Além disso, há um Protocolo de Tratamento da Influenza, estabelecido em 2011 pela Secretaria de Vigilância em Saúde, que deve ser seguido pelos especialistas.

Antiviral Só este ano, o ministério distribuiu, às secretarias estaduais de Saúde, 418,8 mil caixas do remédio. Cada uma contém 10 comprimidos, quantidade suficiente para um tratamento completo. Além disso, a campanha de vacinação, em curso até 31 de julho no DF, ultrapassou o público-alvo de 322 mil pessoas. Até agora, 326 mil indivíduos, entre crianças menores de 2 anos, idosos, gestantes e pacientes com doenças crônicas, vacinaram-se nos postos de saúde da capital. Número que representa 101,19% da meta atingida. No entanto, aqueles fora do grupo de risco e que desejam se vacinar na rede privada terão que esperar. Os estoques estão vazios desde o começo do mês.

Após o término da campanha, a imunização ainda será oferecida nos Centros de Imunobiológicos Especiais (CRIE). "Brasília teve uma boa cobertura vacinal, isso reduz muito a possibilidade de contágio da H1N1. Lamentamos essa morte, mas, com a prevenção e a população-alvo protegida, a cadeia de transmissão será cortada", analisou Ricardo Martins.

Até o último sábado, foram notificados, em todo o Brasil, 1.762 casos de infecção por H1N1 em 2012, com 210 mortes. Na semana entre 15 e 21 de julho, foram registradas 17 ocorrências e nenhum óbito.