Título: Setor pede mais ajuda
Autor: Hessel , Rosana
Fonte: Correio Braziliense, 28/07/2012, Economia, p. 14

Mesmo tendo descumprido o compromisso de não demitir trabalhadores — promessa feita ao governo em maio em troca da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) que estimulou as vendas de veículos e reduziu os estoques das fábricas — o setor automotivo tenta conseguir a ampliação do prazo do incentivos, que deve acabar em 31 de agosto, para manter seu quinhão de mercado à custa dos recursos do Estado.

Chamado a Brasília, dias depois de a GM ter anunciado a decisão de dispensar 1,5 mil trabalhadores da fábrica de São José dos Campos, em São Paulo, o presidente da Federação Nacional das Distribuidoras de Veículos Automotores (Fenabrave), Flávio Meneghetti, aproveitou para estender o pires e pedir uma nova rodada de desonerações de impostos e ampliação das linhas de crédito para o setor. "O episódio da GM é pontual. Não representa o movimento de todo o setor", alegou.

De posse de números que mostram a evolução das vendas de carros no país, o executivo afirmou que a redução do IPI foi crucial para reverter o baixo desempenho apresentado até então. Até maio, as vendas acumulavam no ano uma perda de 0,5%. "Em junho, houve alguma recuperação e, em julho, o mercado cresceu 1,3% no acumulado de 2012", disse. Ele acrescentou que, caso seja mantida a redução do IPI a expectativa é que as vendas cresçam 3,5% neste ano.

O mercado de motocicletas também é motivo de preocupação para a Fenabrave. "No caso específico desse segmento, temos problemas na liberação de financiamentos. De cada 100 pedidos feitos, apenas 10 são liberados. Antes, isso era da ordem de 30%", disse Meneghetti. Para resolver o problema, o representante das concessionárias pediu que o Banco Central libere mais recursos para financiamentos, a exemplo do que fez no mês retrasado, quando entregou aos bancos R$ 18 bilhões dos depósitos compulsórios para serem usados no crédito ao setor automotivo. "Nós entendemos que 10% disso, ou R$ 1,8 bilhão a mais para as motocicletas, é um volume considerável."