Correio braziliense, n. 20317, 05/01/2019. Política, p. 4

 

O rio corre para Maia

Denise Rothenburg

05/01/2019

 

 

Até o início desta semana, dois partidos estavam praticamente isolados na disputa pela presidência da Câmara: o PT de Lula e o PSL do presidente Jair Bolsonaro. O PSL percebeu logo que não dava para ficar no canto da sala. Antes que o PT fechasse com Maia, colocou o presidente da Câmara “para dentro”, o que Dilma Rousseff não fez em 2015. Seu gesto colocou boa parte dos simpáticos ao governo no colo de Rodrigo.
O agora partido de oposição vislumbra dois caminhos: Ou entra no bloco de Rodrigo Maia ou busca um acordo justamente com os partidos que patrocinaram o impeachment da presidente Dilma Rousseff, o MDB e o PP. As duas legendas trabalham a candidatura alternativa do deputado Fábio Ramalho (MDB-MG).

Os petistas não pretendem apoiar Marcelo Freixo, do PSol do Rio de Janeiro. O partido de Freixo havia combinado retomar as conversas sobre o comando da Câmara este mês. Em vez de dialogar, lançou um candidato sem combinar com os parceiros ideológicos. O PT não gostou. A ordem entre os petistas é partir para o pragmatismo, apoiar o bloco que lhe render mais espaço na Mesa. Se a dupla MDB-PP não ganhar altitude, o PT irá de Rodrigo Maia. Entre deixar Maia totalmente dentro do governo e equilibrar o jogo, garantindo boas comissões e lugar entre os comandantes da Casa, o PT fica com a segunda opção.

PT aplaude Bolsonaro
Em conversas reservadas, os petistas elogiaram ontem as declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre ter dúvidas a respeito da fusão entre a Embraer e a Boeing. Deputados do PT foram os primeiros a ingressar na Justiça contra a fusão, conseguiram uma liminar, mas o governo cassou.

O que os une

Os petistas reclamam que o país fez grandes investimentos para desenvolver o cargueiro KC-390, que, daqui a alguns anos, terminará nas mãos da Boeing. E também defendem que a golden share seja discutida no Conselho de Defesa Nacional, algo que o governo de Michel Temer não fez.

Tá devendo uma

O veto aos incentivos a empresas na órbita da Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco) na lei que garantiu os benefícios para Sudene e Sudam foi registrado pelos governadores da região. Agora, eles já têm um mote para, mais à frente, pedir alguma compensação ao governo federal.

Muita calma nessa hora/Integrantes da equipe econômica pretendem pedir que o presidente Jair Bolsonaro seja mais econômico ao falar em medidas futuras, antes de assiná-las. O caso do aumento do IOF e da redução da alíquota do Imposto de Renda, por exemplo, gerou uma expectativa e uma celeuma desnecessária, na avaliação de muitos. Estuda-se agora pedir ao presidente que só fale sobre o que já estiver a caminho do Diário Oficial da União.

Governo 30 horas/ Ministros de Jair Bolsonaro passam o fim de semana em reuniões. Muitos vão aproveitar para organizar o material a ser levado ao conselho de ministros, na terça-feira.

Pode isso, Dalvinha? I/ A coluna flagrou o carro 002 da prefeitura de Aramina (SP) parado em frente a um hotel 4 estrelas de Brasília, 16h07, numa sexta-feira, na vaga destinada a portadores de necessidades especiais.

 

Pode isso Dalvinha? II/ Testemunhas contaram à coluna que o motorista entrou apressado no hotel e, quando alguém reclamou do carro estacionado irregularmente na vaga, disse que “era rapidinho”, “dois minutos”, e seguiu seu caminho. Meia hora depois, ainda não tinha aparecido. A prefeita da cidade é Dalva Aparecida Rodrigues (foto) (PSDB), que atende pelo apelido carinhoso de “Dalvinha”.(...)