Correio braziliense, n. 20285, 04/12/2018. Cidades, p. 19

 

Hospital de Base sob avaliação

Alexandre de Paula 

04/12/2018

 

 

O modelo de gestão do Hospital de Base será avaliado pelo novo governo. Apesar de ter demonstrado intenção, durante a campanha, em acabar com o instituto responsável pela manutenção da unidade atualmente, o governador eleito do DF, Ibaneis Rocha (MDB), pode reconsiderar a questão. O futuro secretário de Saúde, Osnei Okumoto, quer avaliar o método utilizado no hospital antes de decidir, com Ibaneis, se haverá ou não mudanças na administração.

Uma das grandes polêmicas da corrida eleitoral deste ano, o Instituto Hospital de Base foi criado pelo governador Rodrigo Rollemberg (PSB) com a proposta de acelerar contratações, aquisições de medicamento e melhorar o atendimento. A gestão, por meio de Serviço Social Autônomo, foi questionada por adversários, como o governador eleito, que reclamavam de falta de transparência e de terceirização da área.

Para o futuro secretário, é preciso uma análise de todos os dados do Hospital de Base antes de se decidir se há necessidade de mudança. Ele ponderou que, durante a campanha, nem sempre é possível ter acesso às informações de maneira ampla e correta. “A transição é o momento adequado para a avaliação. Vamos analisar os dados e analisar a gestão. É importante, antes da decisão, darmos o nosso parecer para o governo”, explicou ontem, na primeira entrevista após o anúncio de que assumiria a pasta.

A transparência, garante o futuro secretário, será um dos pilares da gestão da saúde no governo Ibaneis. A área é historicamente vítima de inúmeros escândalos de corrupção e desvios de verbas que poderiam ser destinadas a pacientes. Na última quinta-feira, os ex-secretários de Saúde do Distrito Federal Rafael Barbosa e Elias Miziara foram presos preventivamente na Operação Conexão Brasília, deflagrada pelo Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT). A ação apura a aquisição, em 2013, de órteses e próteses de má qualidade, em quantidades superiores às necessidades da rede pública. “Vamos fazer o que é correto”, comentou Osnei.

 

Prioridade

O acesso da população aos serviços de saúde será a prioridade imediata do novo governo. Ibaneis destacou inúmeras vezes o desejo de zerar as filas de espera na rede pública. “Precisamos pensar o acesso aos atendimentos, aos medicamentos e, depois, também para as cirurgias”, adiantou Osnei. Para isso, o futuro secretário estudará a necessidade de remanejamento de profissionais e a instalação de um sistema de monitoramento nos hospitais. “O monitoramento nos daria a realidade do que está acontecendo, quer seja falta de medicamento, quer seja sobre o gerenciamento de internações. A gente, assim, consegue verificar os pacientes e os médicos, além de ter controle sobre os insumos.” Cada hospital teria uma sala com até 10 monitores.

A estrutura da secretaria começou a ser definida pelo próximo chefe da pasta. Além de Osnei, haverá dois secretários adjuntos, um voltado para a atenção à saúde e outro para a gestão. Os escolhidos foram, respectivamente, Sérgio Luiz Costa, assessor no Ministério da Saúde, e Francisco Araújo, ex-coordenador-geral de Programas e Projetos Especiais do Ministério da Integração Nacional.

Segundo Sérgio, um dos grandes desafios será conseguir atender todos os níveis de atenção — básica e de média e alta complexidade. “As necessidades de cada um dos cidadãos do DF são distintas, e nós precisamos conseguir atender a todas com qualificação”, explicou.