Título: União de aparências em torno de Perillo
Autor: Valadares, João
Fonte: Correio Braziliense, 18/07/2012, Política, p. 4

PSDB reúne integrantes da CPI e líderes para tentar tirar o governador do foco, mas, nos bastidores, colegas de sigla ainda defendem o afastamento dele do partido

Na fotografia, um PSDB unido e sorridente em torno da defesa intransigente do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Nos bastidores, alguns parlamentares da sigla continuam defendendo que Perillo deve se licenciar do partido para não atrapalhar o desempenho tucano nas eleições municipais. Ontem à tarde, durante coletiva, o presidente do partido, deputado Sérgio Guerra (PSDB-PE), fez um esforço grande para atestar que não há divergências internas em relação à situação do governador de Goiás. "Confiamos no Perillo", repetiu mais de uma vez. Após afirmar que os petistas transformaram a CPI do Cachoeira num tribunal de exceção, declarou que a Polícia Federal está sendo instrumentalizada politicamente. Um dia antes, caciques do PSDB afirmaram que, com a divulgação recente de novo relatório da PF, Perillo deveria se explicar novamente porque a situação, que já era considerada grave, havia chegado ao limite.

Denúncias da revista Época apontaram que a construtora Delta teria pagado R$ 500 mil de propina ao governador para que ele liberasse R$ 9 milhões referentes a dívidas do governo de Goiás com a empreiteira. A transação teria sido realizada por meio da venda da casa de Perillo. O imóvel foi comprado por Cachoeira com recursos de empresas fantasmas abastecidas pela Delta. Sérgio Guerra utilizou grande parte do tempo para atacar o PT. Minimizou a investigação da PF e fez uma defesa genérica do governador. Para ele, a estratégia é requentar denúncias contra Perillo com o objetivo de desviar o foco do chamado mensalão, que será julgado em agosto.

"O relator da CPI do Cachoeira fez perguntas ridículas ao Perillo. Ele passou oito horas lá sentado e nada de relevante foi perguntado. A verdade é que não há nada de investigação. Essa CPI é política. Não tem conversa. Só faz espuma, espuma, espuma", repetiu. No entanto, o requerimento para reconvocação de Marconi Perillo foi protocolado na segunda-feira pelo senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP), que só integra a CPI porque o PSDB, depois de um acordo com o DEM, cedeu uma das vagas a que tinha direito. A outra foi ocupada pelo senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE).

Ataques a legendas O PSDB divulgou um balanço das transações da Delta. Conforme informações oriundas da CPI, entre 2003 e 2011, detentores de cargos eletivos do PR foram os que mais repassaram recursos para a construtora, cerca de 45% do montante. Em seguida, vem o PMDB (18,42%), PT (17,52%) e PSDB (6,79%). Conforme os tucanos, o PR lidera os repasses por ter comandado o Ministério dos Transportes, especialmente o Dnit, durante a maior parte do período analisado.

No fim da tarde de ontem, Randolfe Rodrigues afirmou que vai tentar convencer o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), e o presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), para que o pedido de reconvocação seja apreciado e votado na primeiro sessão após o recesso, marcada para 2 de agosto. "O mês de agosto será mais animado", brincou. Hoje, Vital do Rêgo faz uma coletiva para apresentar o balanço das ações da CPI no primeiro semestre.

"O relator da CPI do Cachoeira fez perguntas ridículas ao Perillo. Ele passou oito horas lá sentado e nada de relevante foi perguntado. A verdade é que não há nada de investigação" Sérgio Guerra (PE), presidente do PSDB