Título: Governo vai lançar pacote para investimentos
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 18/07/2012, Economia, p. 13

Preocupada com o fraco desempenho da economia, a presidente Dilma Rousseff prepara novos movimentos para impulsionar o crescimento e evitar que a evolução do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas) de seu governo seja rotulada de "voo de galinha". Em agosto, quando promover o terceiro encontro do ano com o grupo de 30 empresários que ficou conhecido como G-30, Dilma deve anunciar medidas para estimular os investimentos e fazer a economia avançar a taxas mais robustas. O empresariado está confiante de que a presidente divulgue, na ocasião, a redução do PIS/Cofins cobrado sobre a energia, que deve deixar as contas do setor produtivo até 10% mais baratas.

Eles esperam ainda que seja apresentado um plano para agilizar concessões à iniciativa privada na área de infraestrutura de transportes, além de uma política de benefícios e desonerações para todos os setores.

Foco

Depois de apostar no consumo como bote salva-vidas do PIB, mas ver naufragarem os números da atividade, a presidente diagnosticou que o problema está na fraqueza dos investimentos e tentará remediar a situação. Para muitos analistas, no entanto, apesar de acertada, a decisão de mudar o foco da política econômica veio muito tarde, ao menos para salvar 2012. "O problema do PIB deste ano está no fraco desempenho do primeiro e do segundo trimestres. Como esse período foi modesto, é difícil uma recuperação mais forte e que leve um resultado acima de 2%", observou Flávio Serrano, do Espirito Santo Investment Bank.

As projeções do mercado para o PIB de 2012, que giram em torno de 1,90%, já levam em conta que a economia, na segunda metade do ano, estará rodando a taxas anualizadas entre 4% e 6%. "Crescer em 2013 vai ser tranquilo, mas é preciso criar um ambiente para que em 2014 e 2015 não tenhamos novamente um PIB fraco", alertou Serrano.

A mudança de foco do Planalto mostra preocupação com o futuro. Economistas do próprio governo têm alertado a presidente quanto ao perigo do excesso de estímulos aos consumo. Com a indústria em recessão, o temor é que a oferta não consiga atender a uma demanda muito intensa, o que pode trazer a inflação de volta e obrigar o BC a aumentar os juros já no ano que vem.