Correio braziliense, n. 20334, 22/01/2019. Política, p. 4

 

Disputa acirrada no Senado

 

 

 

Murilo Fagundes e Renato Souza

22/01/2019

 

 

LEGISLATIVO » Candidatura de Renan Calheiros à Presidência enfrenta resistências e terá que competir internamente no MDB com Simone Tebet

O senador Renan Calheiros (MDB-AL) afirmou ontem, pelas redes sociais, que não quer ser novamente presidente do Senado. Ao mesmo tempo, trabalha nos bastidores para atrair votos dos demais parlamentares e vencer o pleito. Ele tem uma forte oponente no próprio partido, a senadora Simone Tebet (MDB-MS), que confirmou oficialmente a candidatura dela ao cargo no confronto interno da legenda. A decisão foi comunicada ao presidente da sigla, Romero Jucá. O MDB decide no próximo dia 29 quem será o candidato do partido na eleição, marcada para 1º de fevereiro.

Ao anunciar a intenção de disputar a presidência do Senado, Simone afirmou que é necessário renovar o sistema político. “Coloco minha candidatura em defesa da independência, da autonomia e da soberania do Senado, que será a ponte de travessia para todas as saídas econômicas, sociais, regionais e políticas para o país. É preciso resgatar e fortalecer o papel constitucional do Senado Federal. Além disso, devemos absorver o recado das urnas, que clamou por renovação na política e, consequentemente, no Senado”, disse.

Em entrevista ao Correio, Renan Calheiros ressaltou que não pode passar por cima da escolha dos colegas de partido. “Eu já fui quatro vezes (presidente). Você não pode ter a intenção de atropelar outros nomes da bancada. Eu não quero, mas (o partido) vai decidir no final do mês”, disse.

Renan defende que o comando da Casa exige alguém com experiência política. Major Olímpio (PSL-SP), que também é cotado para o cargo, vai assumir o primeiro mandato de senador. Simone Tebet vai iniciar o segundo. “É preciso ter maturidade e vivência para interpretar bem a circunstância que vivemos. O MDB apoiará quem for indicado”, completou Renan.

Desde o resultado das eleições do ano passado, Simone foi alvo de uma onda de manifestações favoráveis em relação ao seu nome, que já aparecia como um dos favoritos entre senadores de diversas tendências políticas. Caso eleita, ela será a primeira mulher a presidir o Senado. A parlamentar é vista como alguém que pode agradar ao MBD e ao PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro.

 

Inquéritos

Renan enfrenta resistência tanto de senadores quanto de entidades da sociedade civil por ser alvo de 14 inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF). Ontem, o ministro Luiz Fux, responsável pelo plantão do STF, chegou a determinar o envio à Justiça Federal de uma ação apresentada contra a possível candidatura de Renan à Presidência do Senado. No entanto, pouco depois, a decisão foi anulada. O tribunal alegou que houve “lançamento indevido no sistema”.

Na ação, um integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) diz que “a possibilidade de o senador Renan Calheiros se candidatar ao cargo de Presidente do Senado e, eventualmente, ocupar a presidência do Congresso Nacional, atenta mortalmente contra a moralidade administrativa, as instituições democráticas, a Pátria e contra o povo dessa nação”.  *Estagiário sob supervisão de Odail Figueiredo

 

Frase

É preciso resgatar e fortalecer o papel constitucional do Senado Federal. Além disso, devemos absorver o recado das urnas, que clamou por renovação na política e, consequentemente, no Senado”

Simone Tebet (MDB-MS), senadora