Correio braziliense, n. 20331, 19/01/2019. Política, p. 2
19/01/2019
Ministros de Jair Bolsonaro tentam conter a repercussão negativa da suspensão das investigações do caso Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, filho do presidente. Eles apontam as críticas à decisão do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, como uma tentativa de atingir o chefe do Executivo e minimizam eventuais impactos ao Planalto.
Ontem, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou que Bolsonaro é “vítima” de um processo de tentativa de desgaste com a repercussão da decisão de Fux. Ele disse que agora é preciso ter “cautela” e esperar que a Justiça se manifeste sobre o caso. “O governo, do ponto de vista do presidente Bolsonaro, tem muita tranquilidade, porque isso não tem rigorosamente nada a ver com o que envolve o presidente. Ele é, mais uma vez, vítima desse processo”, ressaltou Onyx.
“Terceiro turno”
Questionado se, por ele ser filho do presidente, o ato não prejudicaria a imagem do governo, Lorenzoni negou: “É filho dele. Mas, vamos lá. O filho dele nem é investigado. Olha a dimensão que tomou, sem o filho ser investigado. Ele não é réu, não tem processo aberto, não tem inquérito. Por isso que eu digo que precisamos ter cautela”.
Já o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, ressaltou que a decisão do Supremo não afeta o Planalto. “Ele (Bolsonaro) não vê isso como um assunto de governo. É um assunto do Flávio”, rebateu. Assim como Onyx, o ministro voltou a falar que entende a reação acerca do caso como uma tentativa de forçar um “terceiro turno”.
Apesar das negativas, o pedido de Flávio Bolsonaro causou, sim, mal-estar no Planalto. Nos bastidores, auxiliares do presidente e ministros disseram que a estratégia usada pela defesa tem potencial para provocar mais desgaste ao novo governo. Ao solicitar a suspensão das apurações, Flávio alegou que o cargo de senador lhe confere foro especial no STF. Contudo, a argumentação contradiz discurso de Bolsonaro, que sempre disse ser contrário ao foro privilegiado.
“ O filho dele nem é investigado. Olha a dimensão que tomou, sem o filho ser investigado. Ele não é réu, não tem processo aberto, não tem inquérito. Por isso que eu digo que precisamos ter cautela”
Onyx Lorenzoni,
ministro da Casa Civil