Correio braziliense, n. 20331, 19/01/2019. Política, p. 3

 

Críticas nas redes sociais

Lucas Valença e Bernardo Bittar

19/01/2019

 

 

Simpatizantes do governo têm se pronunciado nas redes sociais contra a atitude do senador eleito Flávio Bolsonaro, filho do presidente, de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) em busca do foro privilegiado no caso Queiroz. A própria família Bolsonaro contestou o privilégio no passado.
O procurador Carlos Fernando dos Santos, ex-integrante da Lava-Jato, usou o Twitter para classificar a decisão de Fux de “equivocada”. Ele atacou Flávio Bolsonaro. “Ser pedra é fácil, o difícil é ser vidraça. Amparar-se em uma liminar do STF e na alegação de que possui foro privilegiado é repetir um padrão da velha política”, escreveu.
Conhecida pela atuação no processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff, a deputada estadual eleita Janaina Paschoal (PSL-SP), que chegou a ser convidada para ser vice de Jair Bolsonaro, não emitiu opiniões sobre o pedido do Flávio, mas criticou Fux. “O precedente que tratou da prerrogativa de foro realmente foi no sentido de que os casos devem ser analisados em concreto; entretanto, os fatos devem ser posteriores ao início do mandato. Não é o caso!”, enfatizou.
O movimento Vem Pra Rua Brasil cobrou avanços no discurso do presidente, o qual ajudaram a eleger, de moralizar o Estado. “Quem se elegeu com o discurso de combate à corrupção e contra privilégios, como o foro privilegiado, deve muito mais explicações à sociedade do que qualquer outro”, declarou.
Vereador da cidade de São Paulo, Fernando Holiday entende que o pedido feito pelo senador eleito eleva a “desconfiança” na conduta do parlamentar. “Quem não deve, não teme. Ainda mais uma simples investigação”, enfatizou.
Para o especialista em marketing digital Marcelo Vitorino, ainda é cedo para saber se o governo perderá respaldo popular. No entanto, o analista acredita que os constantes problemas apresentados no começo do mandato municiam os adversários do Planalto. “Como não há nenhuma prova, ainda é muito cedo para falar que a popularidade do governo vai mudar. Até porque, vivemos na era das fake news. Por isso, será preciso surgir uma verdade, praticamente absoluta, para mudar a visão da população. Mas opositores podem se aproveitar”, explicou.

“Ser pedra é fácil, o difícil é ser vidraça. Amparar-se em uma liminar do STF e na alegação de que possui foro privilegiado é repetir um padrão da velha política”
Carlos Fernando dos Santos, procurador, ex-integrante da Lava-Jato