Correio braziliense, n. 20344, 01/02/2019. Política, p. 5
Na Câmara, reforço para a causa LGBT...
Gabriela Vinhal
01/02/2019
Negro, gay, ativista do movimento LGBT, jornalista e nascido em uma comunidade do Rio de Janeiro, o vereador David Miranda toma posse hoje na Câmara dos Deputados como um dos 10 parlamentares do PSol. Aos 33 anos, ele deixa a Câmara Municipal do Rio — para a qual foi eleito em 2016 — e chega ao Congresso para ocupar o lugar do deputado federal Jean Wyllys, que abriu mão do mandato e deixou o Brasil, porque estava sendo ameaçado de morte. Miranda recebeu 17.356 votos nas últimas eleições, o equivalente a 0,22% dos válidos, e garantiu a primeira suplência da sigla.
No dia em que Jean Wyllys comunicou a desistência dele do cargo, o presidente Jair Bolsonaro publicou em sua página oficial: “Grande dia”. A frase foi considerada, principalmente por políticos de esquerda, como uma reação ao anúncio de Wyllys. Em um “discurso” de estreia, Miranda respondeu ao chefe do Executivo: “Respeite o Jean, Jair, e segura sua empolgação. Sai um LGBT, mas entra outro, e que vem do Jacarezinho (comunidade do Rio). Outro que, em 2 anos, aprovou mais projetos do que você em 28. Nós nos vemos em Brasília”, postou.
Com dois anos de mandato, Miranda teve cerca de 20 projetos aprovados na Câmara carioca. Entre os quais, propostas que exigem direitos à população LGBT, como o que assegura a travestis, mulheres transexuais e homens trans o direito ao uso do nome social nos atos e procedimentos da Administração Direta e Indireta Municipal e a que estabelece diretrizes para a criação de Centros de Referência para a Atenção Integral à Saúde de Travestis, Transexuais e Transgêneros, com a finalidade de prestar assistência médica, psicológica e jurídica a eles e às suas famílias. “Nossa luta não é só por igualdade, é por nossas vidas. Eu sei da missão que tenho”, escreveu, após confirmada a saída de Jean Wyllys do Parlamento.