Correio braziliense, n. 20344, 01/02/2019. Política, p. 6

 

Delegado da PF: "Não entendi a polêmica"

01/02/2019

 

 

O superintendente da Polícia Federal no Paraná, delegado Luciano Flores, disse que não entendeu a polêmica em torno do indeferimento do pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva — condenado e preso em Curitiba — para que o petista pudesse comparecer ao velório do irmão, Genival Inácio da Silva, o Vavá. De acordo com Flores, a negativa foi motivada apenas por “razões logísticas”.
“Eu não entendi a polêmica. Não entendi qual foi a parte que não entenderam que simplesmente não era possível e não dependia da boa vontade de ninguém”, afirmou. “Apenas não havia condições logísticas e policiais suficientes para garantir a segurança do próprio conduzido e dos agentes empregados numa grande operação policial que seria para efetivar um pedido como esse.”
O irmão de Lula morreu na terça-feira e foi sepultado na quarta, em São Bernardo do Campo, na região do ABC paulista. Os advogados do ex-presidente pediram autorização para que ele pudesse sair da sala especial que ocupa na sede da PF em Curitiba — onde cumpre pena de 12 anos e um mês de reclusão no processo do triplex do Guarujá — e ir ao velório de Vavá. O superintendente se manifestou contra a saída de Lula.
No parecer, o delegado afirmou que os helicópteros que poderiam ser utilizados na transferência do ex-presidente foram deslocados para atender vítimas do desastre de Brumadinho, em Minas. Ele frisou que a provável concentração de manifestantes, pró e contra Lula, em torno do cemitério em São Bernardo do Campo, onde Vavá foi enterrado, era outra preocupação dos policiais.
O delegado disse que o cenário atual e a dificuldade para garantir a presença do ex-presidente no velório eram grandes, inclusive, quando comparadas com a liberação do petista para ver a mãe quando de sua prisão na ditadura militar, em 1980. “Pode ser feito não significa que deve se feito. Cada caso precisa ser analisado. E assim são deferidos vários pedidos anualmente para presos irem a velórios”, ressaltou. “Eu não conheço nenhum caso, desses milhares que já foram deferidos, em que foi pego um preso de um estabelecimento penal onde estava recolhido, utilizados uma aeronave e gastos públicos milionários para levá-lo a outro estado, onde houvesse uma militância e grande quantidade de manifestantes prós e contra. Eu não conheço na história do Brasil de que isso tenha acontecido.”