Título: No clima do julgamento
Autor: Mader , Helena ; Rothenburg Denise
Fonte: Correio Braziliense, 31/07/2012, Política, p. 2/3

Os preparativos para um dos maiores julgamentos da história do Supremo Tribunal Federal (STF), que começa depois de amanhã, já afetam a rotina do setor de turismo brasiliense. Como a análise dos ministros sobre o mensalão deve demorar mais de um mês, investigados, advogados dos réus, representantes de entidades e jornalistas estrangeiros começam a se instalar na cidade por período indeterminado, tornando lucrativo o início de agosto, que costuma ser de pouco movimento.

Pelo menos 14 advogados de réus do mensalão residem em São Paulo. A maior parte virá esta semana para Brasília e ficará ao longo do mês. É o caso de Alberto Zacarias Toron, defensor do deputado João Paulo Cunha (PT-SP), que vai desembarcar na capital amanhã com dois assistentes. "Seguramente até o dia da minha fala, provavelmente 7 de agosto, ficarei em Brasília. Sabemos que o calendário (do julgamento) é como uma previsão de viagem. Não é dois mais dois igual a quatro", diz o advogado referindo-se à possibilidade de atraso no cronograma.

O advogado Pierpaolo Cruz Bottini, que representa o ex-deputado federal Professor Luizinho, vive em São Paulo mas vai se mudar para Brasília enquanto durar o julgamento. Ele desembarca na cidade amanhã, sem data para voltar. "Nossa ideia é que sempre haja alguém da nossa equipe durante o julgamento. Às vezes, eles (os ministros) tomam alguma decisão e intimam na hora", justifica o advogado. O mineiro Marcelo Leonardo, advogado do empresário Marcos Valério, também já preparou um esquema para acompanhar o julgamento. "Devo ir e voltar toda a semana. À medida que houver necessidade, levarei gente da minha equipe", conta.

De acordo com o presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília, Clayton Machado, a demanda por quartos nos setores hoteleiro sul e norte deve ser de 30% a 40% maior que a procura habitual neste período do ano. "Por conta disso, muitos hotéis estão adotando tarifas cheias, ou seja, dificilmente haverá descontos e negociação porque há poucas vagas disponíveis", relata.

De acordo com o Sindicato dos Taxistas do DF, desde a última sexta-feira o movimento em alguns pontos de táxi do Plano Piloto também tem aumentado. O taxista Olimar Teixeira Souza, 50 anos, diz estar animado com a possibilidade de atender mais clientes a partir desta semana, mas reclama da limitação de estacionamento que será imposta nas proximidades do Supremo. "Correremos o risco de levar multa se ficarmos ao longo do Eixo Monumental e os passageiros terão dificuldade de nos encontrar", argumenta.

O setor de segurança do STF justifica que a restrição será necessária para organizar o trânsito da região. A partir de hoje, serão colocadas grades para isolar o prédio em até 100 metros. Somente partes envolvidas no processo, advogados, jornalistas e convidados credenciados, além de funcionários do Supremo poderão entrar na área reservada. Para facilitar a logística, o efetivo de seguranças do prédio será aumentado em 50%. (DA)

40% Estimativa de aumento da procura por hotéis durante o julgamento do caso