Título: Bicheiro perde regalias
Autor: Campos , Ana Maria
Fonte: Correio Braziliense, 01/08/2012, Política, p. 5

Ser cliente de um escritório de advocacia de renome, como o comandado pelo ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, funcionou para assegurar uma série de regalias que Carlinhos Cachoeira na Penitenciária da Papuda. Agora, com a mudança na equipe de defesa, o bicheiro perderá algumas benesses.

Andressa Mendonça, mulher de Cachoeira, por exemplo, tinha praticamente livre trânsito para ver o marido. A entrega de bilhetinhos a policiais, para serem repassados ao contraventor, era prática cotidiana — e já tinha provocado a ira de agentes responsáveis pela escolta do bicheiro.

Alegando estado emocional frágil, Cachoeira também recebeu vários benefícios de consultas médicas com profissionais indicados por ele, acesso a remédios especiais e cuidados com a alimentação. Advogados de outros réus do inquérito ouvidos pelo Correio afirmam que o peso do nome de Thomaz Bastos fez a diferença durante estes cinco meses que ele está na prisão, porque, ao ser representado pelo ex-ministro, ganhava status de preso político.

Durante audiência de instrução na Justiça Federal de Goiás, na semana passada, Andressa chegou a exigir aumento do tempo que passaria a sós com Cachoeira ao juiz Alderico Santos, pleito que foi atendido. Enquanto isso, outros réus nem sequer podiam conversar reservadamente com seus respectivos advogados. Ao ex-vereador Wladmir Garcez, por exemplo, foi negado o direito de seus representantes entrarem na prisão com aparelho de som para que ele pudesse ouvir os áudios da Operação Monte Carlo.

Agora, após Andressa ser acusada de tentar chantagear o juiz Alderido Rocha Santos e Thomaz Bastos ter deixado o caso, Cachoeira, acusado de chefiar a organização responsável pela exploração do jogo ilegal em Goiás, será nivelado aos demais presos da quadrilha.