O globo, n. 31236, 13/02/2019. País, p. 11
Na despedida, emoção e homenagens a Ricardo Boechat
Tiago Aguiar
13/02/2019
Corpo de jornalista, vítima de acidente aéreo, foi velado e cremado em São Paulo; taxistas fizeram buzinaço
Em cerimônia marcada pela emoção de familiares, amigos, colegas de trabalho e admiradores, o corpo do jornalista Ricardo Boechat foi cremado ontem à tarde depois de cerca de 14 horas de velório no auditório do Museu de Imagem e do Som (MIS), em São Paulo. Além de empresários, autoridades também estiveram no velório.
Pela manhã, Veruska Seibel, viúva de Boechat, fez uma declaração emocionada sobre o companheiro. Ela lembrou que o âncora era reconhecido por ser acessível. Durante seu período como apresentador de um programa matinal na rádio BandNews, Boechat chegou a divulgar o número de seu celular para os ouvintes.
—Todo mundo tinha o celular dele. E era um poço sem fundo de pedidos de pessoas. Se ele visse o pedido de qualquer pessoa, dava sempre prioridade. Eu tenho muito orgulho da coragem dele, porque fazer jornalismo e não se posicionar é muito mais cômodo — afirmou a viúva.
Durante o velório de Boechat, dois bigorrilhos de táxis foram colocados sobre o caixão. No começo da tarde, antes da saída do corpo, um grupo de taxistas fez um buzinaço, acompanhado por palmas, em frente ao MIS em homenagem ao jornalista, admirado pela categoria. Ato semelhante havia ocorrido na véspera.
Alguns taxistas lembraram do jornalista com adesivos em seus carros.
—Meu marido dizia que era ateu, mas praticava o mandamento mais importante, que é do amor ao próximo —disse Veruska, durante a cerimônia.
Foram muitos os admiradores que estiveram no velório para se despedir de Boechat. Entre os presentes, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, o governador paulista, João Doria, e o publicitário Nizan Guanaes. Por anos dividindo a bancada com Boechat, a jornalista Tatiana Vasconcellos, apresentadora na rádio CBN, participou de homenagem nos estúdios da BandNews.
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Cresce número de mortes em acidentes com helicópteros no país
Cleide Carvalho
13/02/2019
Vinte e quatro pessoas morreram no país em 21 acidentes com helicópteros em 2018. É o maior número de mortes com esse tipo de aeronave nos últimos sete anos. Antes disso, o recorde foi registrado em 2011: 25 pessoas perderam a vida em 32 acidentes só naquele ano. Os dados são do Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).
Entre as causas investigadas estão perda de controle em voo, falhas mecânicas e de equipamentos, colisão com obstáculos durante decolagem ou pouso e voo em baixa altitude. Os 21 acidentes de 2018 ainda não tiveram investigações concluídas, segundo o relatório. Também estão em aberto dez investigações sobre os 11 acidentes com helicópteros registrados em 2017.
O engenheiro mecânico João Américo de Miranda, especialista em manutenção de aeronaves, explica que o helicóptero é tão seguro quanto qualquer outro veículo projetado para voar, mas registra um número maior de acidentes em relação a outras aeronaves devido ao tipo de operação.
—O número de acidentes é um pouco maior devido à característica de operação. Nem sempre um helicóptero pousa em heliponto homologado. Muitas vezes, vai para locais remotos, sem a segurança necessária—diz Miranda,ressaltando,porém,que, como qualquer atividade, o ser humano pode errar, tanto na manutenção quanto na pilotagem.
Dona da aeronave em que viajava Ricardo Boechat, a RQ Serviços Aéreos atua em aerorreportagem, aerofotografia, aerocinematografia e inspeção aérea e não tem permissão para transportar passageiros.