O globo, n. 31232, 09/02/2019. Artigos, p. 3

 

Bom para Israel e Brasil

Osias Wurman

09/02/2019

 

 

Fiquei surpreso com a calorosa recepção, oferecida ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, em sua recente visita ao Brasil. Já é tradição o espirito acolhedor de nosso povo, como bem ficou demonstrado, em seu passeio pela Praia do Leme, onde jogou bola na areia e tomou uma caipirinha ao som de música popular brasileira.

Também na porta do Palácio Itamaraty, em Brasília, foi marcante o momento em que o povo gritava “Israel” e “Bibi”, como Netanyahu é chamado em Israel. Uma exceção foi um passante no Leme que bradou: “Free Palestine” (Liberte a Palestina), no que Netanyahu retrucou “Free Palestine from Hamas”(Liberte a Palestina do Hamas), o grupo terrorista que governa Gaza.

Este é o sentimento de admiração que a única democracia do Oriente Médio merece. Seus dignitários nunca esquecerão o que foi a ação do chanceler Osvaldo Aranha na sessão da ONU que determinou a Partilha da Palestina, entre árabes e judeus, em 1947.

A reaproximação do Brasil com Israel, cujo relacionamento foi “congelado” rancorosamente pelo governo de Dilma Rousseff, trará benefícios múltiplos às duas nações.

Da parceria com Israel, o Brasil poderá receber o que há de mais moderno em dessalinização da água, além do reaproveitamento de águas servidas para uso industrial e diversas outras utilizações. Esta tecnologia poderá mudar o paradigma da sofrida região Norte e Nordeste do Brasil.

Se somarmos a energia solar, a irrigação controlada por computação e o que há de mais moderno em segurança pública, problema que assola quase todos os estados brasileiros, teremos apenas uma amostra das múltiplas vantagens para o povo brasileiro.

Por outro lado, o que Israel espera do Brasil é a volta à tradicional parceria fraterna que permeou as relações bilaterais, nas décadas de 50 a 90, um posicionamento brasileiro mais realista nas resoluções da ONU e filiadas, e o efetivo reconhecimento da milenar capital de Israel, a sagrada Jerusalém, judaica desde o rei David, há mais de três mil anos.