O Estado de São Paulo, n. 45857, 07/05/2019. Internacional, p. A13

 

Bolsonaro quer ir a Polônia, Hungria e Itália

Felipe Frazão

07/05/2019

 

 

Chanceler visita países sob chefia de populistas de direita, para preparar visita de presidente

O porta-voz da Presidência da República, general Otávio Rêgo Barros, confirmou ontem a intenção do presidente Jair Bolsonaro de visitar países europeus como Itália, Polônia e Hungria, governados por líderes populistas de direita. Mas a data da provável excursão presidencial ainda depende de acertos entre os Ministérios das Relações Exteriores dos países.

“A questão de fechar a agenda depende dos acordos da chancelaria. Está no foco essa viagem a esses países provavelmente no segundo semestre”, disse o porta-voz. O Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, iniciará hoje um tour por Itália, Hungria e Polônia, países com os quais buscará ampliar os negócios, principalmente na área de defesa. Ele já havia visitado a Polônia no início do ano.

No mês passado, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara, visitou os governantes da Itália e da Hungria. O chanceler e o deputado já estiveram com diplomatas desses países no Brasil.

Araújo viajará a Roma entre hoje e amanhã, ocasião em que manterá encontro com o vice-primeiro-ministro e ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, com a ministra da Defesa, Elisabeta Trenta, além de reuniões de trabalho com autoridades do Ministério dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação Internacional, a fim de discutir os principais temas da pauta bilateral, como comércio, investimentos, cooperação e temas regionais e globais.

Brasil e Itália mantêm Parceria Estratégica desde 2007. Em 2018, houve crescimento da ordem de 7% no comércio bilateral, que superou os US$ 8 bilhões. A Itália é um dos maiores investidores individuais no país e possui mais de 1.200 empresas atuando no território brasileiro.

 

Laços. Além das importantes relações comerciais, os dois países possuem laços históricos e culturais. Cerca de 30 milhões de brasileiros são descendentes de italianos e existem significativas comunidades de brasileiros residentes na Itália e de italianos residentes no Brasil. Araújo também visitará o Vaticano e manterá reunião com o secretário de Estado da Santa Sé, Cardeal Pietro Parolin.

Depois, o chanceler brasileiro também visitará a Hungria e a Polônia. Segundo porta-vozes do governo, o principal objetivo da viagem é promover a indústria de defesa do Brasil em países-membros da Organização para o Tratado do Atlântico Norte (Otan), que propôs como meta para cada sócio um gasto militar equivalente a 2% de seus orçamentos para 2024.

Nesse contexto, Araújo promoverá em particular o avião de transporte KC 390, desenvolvido em conjunto entre a Força Aérea Brasileira (FAB) e a brasileira Embraer, que pretende competir no mercado internacional com o Hércules C-130 americano./ COM EFE

 

Pendências

“A questão de fechar a agenda depende dos acordos da chancelaria. Está no foco essa viagem a esses países provavelmente no segundo semestre”

General Otávio Rêgo Barros

PORTA-VOZ DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

 

PARA ENTENDER

Populistas e de direita

Itália, Hungria e Polônia têm em comum o fato de serem governados por partidos populistas de direita. Em junho de 2018, assumiu o governo formado pelo populista Movimento 5 Estrelas – de Luigi di Maio – e o partido de extrema direita Liga – de Matteo Salvini –, sob o comando do jurista Giuseppe Conte. Na Hungria, o populista Viktor Orban – conhecido por seu discurso xenófobo – obteve um terceiro mandato no ano passado. Desde 2015, a Polônia é governada pelo Partido Lei e Justiça, de Jaroslaw Kaczynski, com uma agenda nacionalista e anti-imigração.