Título: Aula extra para estudantes
Autor: Valadares , João
Fonte: Correio Braziliense, 02/08/2012, Política, p. 8

O julgamento do mensalão é uma aula magna para os estudantes de direito. As acusações de peculato, formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e gestão fraudulenta contra os 38 réus e as estratégias, tanto da defesa quanto da acusação, a função do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, assim como o relatório e o voto do ministro da Suprema Corte Joaquim Barbosa podem ajudar os candidatos a bacharel a entenderem o que os professores ensinam em sala de aula. A tese de que acompanhar as sessões no STF com o auxílio de um profissional maximiza o aprendizado é da professora de direito penal Carolina Costa. "Esse julgamento vai ser uma grande aula de direito", resumiu. Ela acredita que essa é uma oportunidade única para os estudantes verem na prática como o rito ocorre. Seus alunos serão indicados a fazerem uma atividade extra-classe de análise da denúncia, individualização da conduta e avaliação se as provas condizem com o que foi colocado no processo. "A intenção é que eles entendam como se dá um julgamento de proporção internacional. São muitos crimes e políticos conhecidos envolvidos", explicou a professora. Segundo ela, entre os itens que podem ser observados pelos alunos estão o direito à ampla defesa, o contraditório e os argumentos dos ministros para que seja feito um debate jurídico, e não político.

O servidor público federal e estudante de direito Davison Barros, 48 anos, é um dos alunos que vai assistir às sessões dos ministros da Suprema Corte com um olhar mais crítico. Sua atenção estará não no resultado, mas nos trâmites e em todo o rito processual. "Vou focar no debate entre a defesa e a acusação, principalmente porque essa é a hora em que o STF tem a chance de mudar a fama de impunidade que existe no país. Essa vai ser a hora de mostrar que temos Justiça", afirma. A estudante de doutorado Danniella Karla, 29 anos, alerta para a singularidade do caso. "É evidente o peso do fator político. O STF está demorando muito para julgar a ação, a repercussão será enorme. Se fosse outro caso, com uma pessoa comum, ela já estaria presa. Mas como são pessoas com muito dinheiro e força política, estão respondendo em liberdade."