O Estado de São Paulo, n. 45742, 12/01/2019. Economia, p. B1

 

Governo Bolsonaro intervém no conselho de administração da Petrobrás

Renata Agostini e Fernanda Nunes

12/01/2019

 

 

Governança. Segundo o novo presidente da estatal, Roberto Castello Branco, a União determinou uma mudança no perfil do colegiado da empresa, para adequá-lo às novas diretrizes; os substitutos já foram selecionados e serão anunciados nos próximos dias

O governo Jair Bolsonaro decidiu intervir no conselho de administração da Petrobrás, substituindo alguns dos atuais conselheiros por executivos com visão alinhada à nova equipe econômica. Os novos nomes já foram selecionados e serão anunciados nos próximos dias, apurou o ‘Estado’. Com as trocas, o governo pretende adequar o colegiado às novas diretrizes delineadas para a petroleira.

Os nomes que serão apresentados pela União substituirão conselheiros com mandato vigente até 2020, mas que decidiram renunciar agora de seus cargos após serem avisados de que o governo gostaria de substituí-los.

O novo presidente da estatal, Roberto Castello Branco, confirmou em entrevista ao Estado a determinação da União de alterar a composição do colegiado. “O acionista controlador deseja mudar. A intenção é mudar o perfil do conselho para que tenhamos mais representantes com visão estratégica do que a Petrobrás precisa”, afirmou. “Um novo ciclo se encerrou e iniciamos uma nova era”, disse.

Castello Branco refutou a ideia de que o governo vá promover uma tentativa de aparelhamento da estatal. Segundo ele, os novos integrantes terão perfil técnico. “São gestores experientes e acima de qualquer suspeita, cujos nomes serão anunciados ao mercado e submetidos à apreciação dos órgãos de governança da companhia”, afirmou.

No momento, há dois assentos vagos, mas há expectativa de que mais um conselheiro apresente sua renúncia em breve. Eles tomaram a decisão de se afastar após pedido feito pelo próprio Castello Branco, que se colocou como “mensageiro” do controlador, de acordo com três fontes do colegiado ouvidas pelo Estado.

A União tem direito de indicar oito dos onze assentos no conselho de administração da Petrobrás – outros três postos são destinados a representantes dos acionistas minoritários e dos empregados da estatal. Ao assumir a presidência, Castello Branco passou a ocupar um dos oito postos.

Ao assumir o comando da companhia, Castello Branco afirmou que, durante o governo Michel Temer, Pedro Parente e Ivan Monteiro atuaram para resgatar as finanças da empresa e que ele, agora, deseja transformá-la numa “campeã”. Isso incluirá focar na exploração do pré-sal e intensificar a venda de ativos, reduzindo drasticamente a participação em algumas áreas, como a de refino. Para essa tarefa, precisará de votos favoráveis no conselho. Castello Branco não quis antecipar o nome dos executivos escolhidos para integrar o conselho. Segundo apurou o Estado ,a ideia do governo é anunciar já no início da semana que vem o nome de três novos integrantes, incluindo o novo presidente do conselho.