Título: Desemprego ameaça Obama
Autor:
Fonte: Correio Braziliense, 04/08/2012, Economia, p. 14

Washington — A taxa de desemprego nos Estados Unidos subiu de 8,2% para 8,3% em julho, apesar de as empresas norte-americanas terem aberto 163 mil postos de trabalho, a maior quantidade dos últimos cinco meses. Divulgada a pouco mais de 90 dias da eleição presidencial, a notícia é ruim para o presidente Barack Obama, que tenta obter mais um mandato de quatro anos na Casa Banca. Ele comemorou o aumento das contratações, que ajudou a impulsionar os mercados, ontem (veja matéria ao lado), mas disse que ainda há muitas pessoas sem trabalho, e aproveitou para criticar propostas dos adversários republicanos de eliminar incentivos tributários que beneficiam a classe média.

"Nós ainda temos muitas pessoas que estão procurando emprego e temos mais trabalho a fazer em nome delas", disse o presidente, em um evento em que mostrou seus programas para aumentar os impostos sobre os mais ricos e manter baixas as taxas para os segmentos médios da população. "A última coisa que nós devemos fazer é pedir às famílias de classe média, que ainda estão lutando para se recuperar dessa recessão, que paguem mais impostos", afirmou.

Seu adversário na corrida presidencial, o republicano Mitt Romney, também não perdeu tempo. Tão logo saíram os dados do Departamento do Trabalho, ele divulgou comunicado para afirmar que o aumento do desemprego é um duro golpe para a classe média. Romney tem culpado as "políticas fracassadas" de Obama pela persistente fraqueza do mercado de trabalho.

Disputa acirrada O fato de os principais candidatos à Presidência terem se apressado a comentar os dados não supreende. O desemprego é o assunto central da campanha e torna-se um tema cada vez mais espinhoso para Obama na medida que o ritmo fraco de atividade é incapaz de reduzir o número de trabalhadores desocupados. A taxa de desemprego está acima de 8% há mais de três anos, o maior período desde a Grande Depressão dos anos 1930.

Com a economia patinando, o presidente vê ameaçados seus planos de conseguir a reeleição e disputa se torna cada dia mais acirrada. Se há alguns meses ele ainda tinha uma margem confortável de popularidade, hoje essa vantagem desapareceu. A última pesquisa feita pelo Instituto Gallup, divulgada no último domingo, mostra Obama e Romney empatados, cada um com 46% das preferências do eleitorado.

O crescimento do desemprego aumentou entre economistas a aposta de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) irá promover uma nova rodada de compra de títulos na sua próxima reunião, em setembro — uma forma de injetar recursos na economia e estimular o ritmo da atividade.

Acaba o "corralito" A Argentina pagou ontem a última parcela de um bônus de US$ 2,197 bilhões e deu por concluído o chamado "corralito", que, em 2001, congelou US$ 70 bilhões nos bancos, durante a pior crise econômica do país, informou o Ministério da Economia. A presidente, Cristina Kirchner, destacou, na noite de quinta-feira, que o pagamento marca o fim de um ciclo histórico. "Vamos cumprir com as nossas obrigações", disse ela. "O que pagamos é o dinheiro que deveria ter sido entregue pelos bancos aos cidadãos e às cidadãs argentinos." Segundo a chefe de Estado, em 2002 a dívida pública representava 166% do Produto Interno Bruto (PIB), e, hoje, caiu para 41,8%.