O globo, n. 31276, 25/03/2019. País, p. 8
MP pede bloqueio de R$ 3 bilhões da Vale
25/03/2019
Quantia é destinada a eventuais problemas em barragem de Barão de Cocais (MG), que está em nível de alerta máximo desde sexta-feira; Defesa Civil deu instruções à população sobre o que fazer em caso de emergência
Quatro dias após a Vale identificar problemas em uma barragem de Barão de Cocais, a 100 quilômetros de Belo Horizonte, o Ministério Público solicitou à Justiça bloqueio de R$ 3 bilhões da Vale para eventuais reparações. Ao mesmo tempo, a Defesa Civil distribuiu instruções à população de três mil residências ao longo do Rio São João sobre como agir em caso de emergência.
Moradores foram alertados pela mineradora na noite de sexta-feira sobre a instabilidade na Barragem Sul Superior, da mina Gongo Soco. O alerta da instalação está em nível 3, o máximo, que significa “rompimento ou risco iminente de rompimento”.
Caso a ação seja aceita pela Justiça, a Vale deverá pagar por todos os custos dos moradores, como hospedagem em hotéis, alimentação, transporte, medicamento, entre outras necessidades. A ação também pede a “suspensão imediata da operação das demais estruturas e atividades do complexo minerário onde está situada a Barragem Sul Superior”.
O MP também solicita à Vale a atualização e apresentação de um estudo atualizado de ruptura. A mineradora não se posicionou a respeito do pedido de bloqueio nem sobre outras demandas.
Sirena na sexta-feira
Segundo um comunicado da Vale, no dia 20 de março foi identificada por auditores independentes uma divergência de dados entre os dois sistemas de monitoramento da barragem. Por isso, a empresa decidiu elevar o alerta para o nível 3 na sexta-feira, quando sirenes de alerta foram acionadas.
Foi a segunda vez, em um mês e meio, que as sirenes são disparadas na região: em 8 de fevereiro, 452 pessoas (cerca de 150 famílias) das comunidades de Socorro, Tabuleiro e Piteiras, que ficam na Zona de Autossalvamento (ZAS), foram retiradas de suas casas e levadas para hotéis de cidades da região.
Agentes da Defesa Civil e da Tropa de Choque foram deslocados para o município e ficaram de prontidão. Em caso de rompimento, a previsão é que os bombeiros teriam uma hora e doze minutos para tirar todas as pessoas da área de risco.
A Vale disse que continua adotando uma série de medidas preventivas para melhorar a segurança de suas barragens. Um posto de informações para os moradores foi instalado na Secretaria Municipal de Educação.
A Sul Superior é uma das dez barragens a montante que, de acordo com um plano anunciado pela empresa, devem ser desativadas. Segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM), a instalação de Barão de Cocais tem 85 metros de altura e volume total de 6,016 milhões de metros cúbicos.
O coordenador do Comitê de Resposta Imediata da empresa da Vale, Marcelo Klein, esteve no local. Klein pediu tranquilidade:
— Num momento de gestão de crise é muito importante que as pessoas mantenham a calma e fiquem alertas a todas as instruções.