O globo, n. 31264, 13/03/2019. País, p. 7

 

Senado convida ministro para falar sobre ‘laranjas’

Amanda Almeida

Natália Portinari

13/03/2019

 

 

Pedido foi feito pelo senador e líder da oposição, Randolfe Rodrigues. Comissão quer esclarecer envolvimento de Marcelo Álvaro Antônio com denúncias de irregularidades em candidaturas do PSL de Minas Gerais

O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, foi convidado por requerimento a prestar esclarecimentos no Senado Federal sobre a denúncia de que ele utilizou candidatas laranjas para desviar recursos públicos nas eleições.

O requerimento é de autoria do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e foi aprovado ontem na Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor (CTFC), sob a presidência do senador Rodrigo Cunha (PSDB-AL).

O documento cita entrevista de Cleuzenir Barbosa, então candidata a deputada estadual em Minas Gerais nas eleições do ano passado, ao jornal “Folha de S.Paulo” em que afirma que o PSL promoveu um esquema de lavagem de dinheiro.

“Fica claro que a presença do ministro Marcelo Álvaro Antônio a esta Comissão é fundamental para que consigamos esclarecer esse fato que vem estarrecendo a República”, diz o pedido.

“Acredito que não haverá nenhuma recusa, por parte dele, de vir esclarecer tais denúncias”, afirmou Randolfe Rodrigues, líder da oposição, por meio de nota. Como se trata de um requerimento de convite, o ministro do Turismo não é obrigado a comparecer ao Senado. Ele vem negando as acusações.

— No ano passado, tivemos a primeira eleição paga majoritariamente com recursos públicos. Se há algum questionamento sobre o bom uso do financiamento público, cabe a esta comissão fiscalizar. Espero que o ministro aceite o convite para vir falar aqui —disse Rodrigo Cunha.

Terceira denúncia

Na semana passada, O GLOBO revelou uma terceira denúncia de suposto envolvimento do ministro em um esquema com candidatas laranjas. Ex-candidata do PSL de Minas Gerais ao cargo de deputada federal nas eleições do ano passado, Adriana Moreira Borges afirmou que um assessor de Álvaro Antônio condicionou um repasse de R$ 100 mil do fundo partidário do PSL para sua campanha à devolução de R$ 90 mil ao partido.

Em entrevista, Adriana contou que a garantia de retorno dos valores deveria ser dada por meio de nove cheques com valores em branco, assinados pela própria candidata.

De acordo com Adriana, as condições para o repasse foram informadas a ela por Roberto Silva Soares, mais conhecido como Robertinho Soares, ex-assessor do gabinete de Álvaro Antônio na Câmara dos Deputados e atual primeiro-secretário do diretório do PSL em Minas.

Adriana afirmou que não aceitou as condições para o repasse e, por isso, recebeu do partido apenas R$ 4 mil, pagos em duas parcelas de R$ 2 mil. Disse ainda ter ficado “chocada” ao ouvir a proposta.

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Primeira Turma do Supremo bloqueia R$ 1,6 milhão de Aécio Neves

André de Souza

13/03/2019

 

 

Por três votos a dois, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF ) aceitou pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e determinou ontem a indisponibilidade de bens do deputado Aécio Neves (PSDBMG) e de sua irmã Andrea Neves no valor de R$ 1,686 milhão cada. O caso diz respeito à investigação em que o tucano é acusado de receber propina da JBS.

Aécio e Andrea ainda não foram condenados, mas a maioria dos ministros entendeu que a medida pode vir a garantir o pagamento de despesas processuais e eventuais multas

O julgamento começou em 22 de maio de 2018, quando o antigo relator, Marco Aurélio Mello, votou contra o pedido da PGR. Em 12 de junho, Luís Roberto Barroso e Rosa Weber votaram para bloquear os bens. O ministro Luiz Fux pediu vista e votou ontem também pela indisponibilidade dos bens. Já Alexandre de Moraes ficou do lado de Marco Aurélio.

Em nota, a defesa de Aécio ressaltou que a PGR queria bloquear um valor maior: “O STF reconheceu o excesso do pedido do MPF, indeferindo grande parte do bloqueio requerido. Dois dos cinco ministros reconheceram o descabimento da medida, votando contra qualquer bloqueio. Registre-se ainda que o objeto da ação não envolveu dinheiro público tratando-se de uma relação entre privados”, destaca diz o texto, assinado pelo advogado Alberto Zacharias Toron. “No mais, a defesa aguarda ter acesso ao inteiro teor do acórdão para, adotar as medidas cabíveis”, acrescenta a nora da defesa.