Título: Mantega cobra os bancos
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Fonte: Correio Braziliense, 09/08/2012, Economia, p. 13
Preocupados com o ritmo fraco da economia, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, cobraram ontem de representantes das maiores instituições financeiras do país novos cortes nas taxas de juros e a ampliação da oferta de crédito. O governo acredita que há espaço para reduzir as taxas, o que poderá contribuir para estimular a atividade, que ainda não dá sinais de reagir, apesar das medidas de incentivo ao consumo. Nesta semana, os analistas ouvidos regularmente pelo BC reduziram de 1,95% para 1,80% a previsão de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.
Participam do encontro representantes de pesos pesados do setor bancário: Júlio Araújo (Bradesco), Roberto Setúbal (Itaú), Marcial Portela (Santander), Silvio Aparecido de Carvalho (Safra), Hélio Lima Magalhães (Citibank), André Brandão (HSBC) e Persio Arida (BTG Pactual), além dos presidentes das duas maiores instituições oficiais, Aldemir Bendine (Banco do Brasil) e Jorge Hereda (Caixa).
Apesar da queda ocorrida desde março, o BC detectou que, em julho, os juros voltaram a subir. Os executivos saíram do gabinete do ministro com cara de poucos amigos. A exceção foi o sorridente presidente da Caixa, que comemorou o crescimento da carteira de crédito da instituição nos últimos meses. "O ministro falou das perspectivas do segundo semestre, que será melhor que o primeiro", disse.
Uma fonte oficial confirmou que Mantega pediu mais empenho aos bancos. "Foi uma cobrança, mas em clima cordial", afirmou. "O ministro observou que a economia pode acelerar mais rapidamente se os bancos forem mais pró-ativos na concessão de crédito." Hereda preferiu amenizar a situação. "Não foi um puxão de orelha. Foi uma avaliação de como vai ser o crédito no segundo semestre." garantiu.
» Expectativa de crescimento
O presidente da Caixa, Jorge Hereda, disse que houve consenso na reunião de que a economia retomará o crescimento no segundo semestre. "Vamos ter um aumento na perspectiva de crédito. O volume será melhor e esse é o pensamento de todos os bancos na reunião", assegurou. Em relação ao spread bancário (a diferença entre os juros pagos na captação de recursos e as taxas cobradas do consumidor), ele afirmou que "a redução já está acontecendo".